terça-feira, 25 de agosto de 2015

A matemática da morte



Justin Wilson.

Ele sabia dos riscos que corria, por isso, quis ter certeza de que sua morte não seria em vão, e se tornou doador de órgãos.

O automobilismo perde um piloto talentoso e leal.

A família dele perde um ser humano ético e especial.

Seis famílias ganham um parente salvo pelos órgãos doados por Justin Wilson.

Somente um ser humano especial transforma a matemática da morte em que uma perda resulte em seis ganhos.

Godspeed, como dizem os ingleses, nunca esteve tão próximo da realidade. Foi-se com a velocidade da luz e em breve estará dirigindo uma carruagem angelical.

Bruce McLaren, piloto e fundador da equipe que leva seu nome, uma vez disse: "A vida não se mede em anos, mas em realizações".

Justin Wilson conseguiu o feito de realizar em vida e realizar na morte.

Esteja com Deus, Justin Wilson.


domingo, 23 de agosto de 2015

Minha filha Ayla


O nome dela, Ayla.
Uma semana atrás, no dia 17 de agosto de 2015 completou 25 anos.
Alta, magra, esguia e sinuosa, olhos castanhos, pescoço fino e comprido, absolutamente elegante, fisicamente puxou a mãe. Mas em espírito puxou a mim, leonina como eu. Os olhos de um brilho raro, revelam a timidez no relacionamento com as pessoas, e o fervor quando defende uma ideia. No final deste ano terminará a residência em psiquiatria e no início do ano que vem irá fazer um doutorado na Sobornne Université em Paris. Apesar de se parecer comigo em espírito, em algo é totalmente diferente. Planeja a vida com bastante antecedência enquanto eu deixo a vida me levar, sem planos a longo prazo. Ayla já sabe que ao terminar o doutorado seguirá uma carreira no magistério superior, assim como eu e a mãe. Linda, Ayla tem muitos pretendentes, mas namora pouco e quando o faz, é por pouco tempo. As expectativas que cria não correspondem à realidade, logo a decepção se forma, não por quem seus namorados são, mas por quem eles não são. Se ela continuar com este nível de exigência, jamais encontrará alguém, porque nesta história de procurar alguém com interesses comuns e à sua altura, por ser uma pessoa de qualidades raras, Ayla jamais encontrará alguém que esteja à altura dela.
A mãe, muito ligada a ela, queria ir para Paris com ela. Ayla me pediu para convencer sua mãe do contrário. Logo eu, que falo com ela apenas o essencial pois ela me odeia e tem motivos para isso.
- Se eu pedir algo, ela fará justamente o contrário, então esqueça. Fale você mesma, argumente como você sempre soube fazer. E sinceramente, eu preferiria que ela fosse mesmo com você. – Falei para Ayla.
Por mais independente que os filhos se tornem, estaremos sempre preocupados com a segurança deles.
Ela conseguiu convencer a mãe a continuar em Salvador, trabalhando como professora Universitária que é o que a mãe dela ama fazer.
Nestes meses que se aproximam já estou sentindo e sei que vou sentir muita saudade dela, mas muita saudade mesmo, talvez mais saudade que eu já senti por alguém na vida. Ela, que passou minha vida inteira separada de mim principalmente porque Ayla é a filha que Deus não me permitiu ter.
E diante das muitas surpresas da vida, quem sabe um dia, em breve, talvez, eu a encontre em Sorbonne, ou em qualquer outro lugar.
Fim.
Ou Início

domingo, 16 de agosto de 2015

Foro privilegiado deprime.

                         Apenas um sonho

São 15 horas e ainda não dá para saber como serão as manifestações em São Paulo. Mas não importa. As manifestações deveriam ter sido gigantescas no país inteiro, mas não foi.
Antes que o PT se sinta vitorioso e MINTA que o menor número comparado às manifestações anteriores se deve a uma maior compreensão das “boas intenções” do governo respondo que as pesquisas que indicam a aprovação do governo de apenas 7% não permitem que esta mentira seja propagada.
Então, por que as manifestações foram menores?
Estive presente e conversei com manifestantes e pude entender a razão. Os manifestantes estão apoiando e satisfeitos com a atuação do juiz Sérgio Moro, mas percebem que até o momento, decorrido muito tempo de investigação, apenas operadores e empresários foram presos e julgados. Os políticos ainda estão livres. Entendem que isso se dá pela razão dos políticos estarem longe do alcance de Sérgio Moro, protegidos pelo “foro privilegiado” no STF. Mas ainda assim sentem-se insatisfeitos pela morosidade da justiça em chegar aos políticos e isso DEPRIME os manifestantes e reduzem as esperanças e expectativas de que a “justiça” será servida ao povo brasileiro.
A possível presença do ministro Dias Toffoli nas conduções do julgamento de políticos do Petrolão no STF será, no que pude observar, o maior golpe nas esperanças de que finalmente a justiça atinja aos políticos corruptos. Nem todos os manifestantes sabem quem é o Toffoli, mas quem sabe, sabe que ele foi advogado do PT, sabe que ele É amigo do Lula, sabe que ele foi presidente do TSE quando o TSE não considerou, sem justificativas coerentes, uma auditoria em urnas Dilma 100%, quando no mundo inteiro, se sabe, que em votação secreta, 100% é indício de fraude, portanto, mesmo que não tenha sido fraude (matematicamente é improvável que não seja), deveria ter sido investigada.
Os manifestantes com quem conversei, estão decepcionados com a lerdeza do STF em julgar os políticos e estão com a desanimadora e deprimente expectativa de que o STF aparelhado pelo PT suavize suas penas COMO FIZERAM no mensalão.
“Foro privilegiado” é hoje sinônimo de “salvo-conduto”. Salvo-conduto para que os políticos permaneçam intocáveis. Salvo-conduto para que a corrupção termine por corroer toda a infraestrutura deste país gigantesco.
Senti nos manifestantes este sentimento depressivo. Compareceram apesar desta depressão, no entanto, acho que tantos quanto os que foram, muitos não foram por acharem que não adianta nada, que o STF vai deixar seus “amigos” livres.
Resumindo, pelo significado das palavras:
Foro privilegiado é sinônimo de Salvo-conduto.
Salvo-conduto dos corruptos leva a depressão brasileiros honestos.
Foro privilegiado dos políticos corruptos acontece no STF, logo STF é onde o salvo-conduto é expedido.
STF leva a depressão brasileiros honestos.

Cabe então ao STF reverter esta expectativa negativa do brasileiro em relação a própria instituição. Não precisa atropelar nada, basta dar celeridade e conscientizar os colegas de toga que medidas tomadas apenas para retardar o processo não serão bem vistas pela sociedade. Agirem estando cientes de que todos os poderes estão a serviço do povo, pelo povo e para o povo. Que democracia não é apenas uma palavra, é um espírito no qual a sensação de injustiça não traz benefício algum.

sábado, 15 de agosto de 2015

Ser ou não ser "TROUXA", eis a questão.

Sempre me revoltou a maneira como as grandes montadoras internacionais tratam o consumidor brasileiro de automóveis, como idiotas. Sempre justificaram a grande diferença do preço do importado no Brasil e o importado no exterior culpando as taxas do governo. Bem, as taxas continuam as mesmas, mas a elevação do dólar deixou claro a ganância e enganação das grandes montadoras e concessionárias.

Vou dar o exemplo do BMW i8 porque sempre desejei este carro, mas me sentiria um idiota se um dia o comprasse no Brasil.

O BMW i8 é um esportivo híbrido, talvez o carro mais lindo da atualidade, no entanto sem muito luxo como o Mercedes S Coupé ou mesmo os modelos SL.



Vamos aos fatos. No Brasil, no início deste ano, o BMW i8 custava 800 mil reais. Hoje, custa o mesmo valor. No entanto, em janeiro o dólar estava em 2,60 reais e hoje está em 3,50.

Nos EUA, também importados, os BMW i8 custavam e ainda custam 136 mil dólares.

Vamos as contas.

Em janeiro: Nos EUA U$ 136.000,00 ou R$ 353.600,00, a diferença entre o Brasil e EUA era de R$ 446.200,00.

Hoje: Nos EUA U$ 136.000,00 ou R$ 476.000,00, a diferença entre o Brasil e EUA é de R$ 324.000,00.

As taxas de importação continuam as mesmas nos EUA (salvo engano) e no Brasil. Quer dizer que as montadoras e concessionárias estão recebendo R$ 122.200,00 reais a menos. Se podem agora, podiam antes, então porque não fizeram? Porque consideram o consumidor brasileiro um trouxa. E tem toda a razão, o consumidor brasileiro é mesmo um trouxa, ou não pagariam esta diferença toda seja no carro importado, ou no carro “nacional” (de montadoras estrangeiras), também cobrado com margens de lucro absurdamente grandes quando comparados aos lucros destas mesmas empresas nos EUA ou Europa.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Carl Lewis, Lance Armstrong e as trapaças no esporte.



Começando do começo que não é o começo.

Hoje assisti a reportagem do SporTV citando o escândalo de doping mostrado pela emissora alemã ARD e pelo jornal inglês Sunday Time: Exames realizados em atletas durante este século foram examinados e os resultados considerados suspeitos em centenas de medalhistas olímpicos e de campeonatos mundiais.

Qual a novidade?

Desde 2009, no twitter, venho chamando a atenção sobre a desonestidade de atletas americanos, principalmente Lance Armstrong e Carl Lewis, dois ícones fabricados às custas de doping e antes disso, em um blog de tênis, já comentava sobre doping citando o escândalo da BALCO.

Vou descrever os três maiores escândalos de doping esportivo, o que significou cada um e as suas consequências:

BALCO – É a sigla de um laboratório americano investigado em 2002/2003 pelos federais americanos pelo uso de substâncias elevadoras de performance, o conhecido doping, por atletas profissionais americanos. Seu dono, Victor Conte, desenvolveu o uso de drogas não detectáveis nos exames anti-doping realizados na época, principalmente a eritropoietina, hormônio de crescimento e a “estrela principal” tetrahidrogestrinona. O escândalo eclodiu no verão de 2003 e aí começou a farsa americana. Foram denunciados apenas os atletas de esportes “menores” e outros que não puniam o doping como o Baseball e o futebol americano. Sendo assim apenas os famosos destes esportes, como Jason Giambi, Barry Bonds (Baseball) e Bill Romanowski (NFL). Foram denunciados.
  
Durante uma investigação por fraude fiscal a campeã olímpica Marion Jones assumiu o doping e denunciou a BALCO em troca de diminuição de pena pela fraude fiscal, a tão nossa conhecida hoje, a famosa delação premiada.

Muitos anos atrás, antes mesmo de entrar no Twitter, já tinha escrito em comentário no blog de tênis que sempre achei muito estranho que certas campeãs americanas de tênis se lesionaram assim que o escândalo eclodiu no verão americano de 2003, com o conhecimento da detecção destes dopings "invisíveis" , por tempo suficiente para terem o organismo “limpo” das drogas elevadoras de performance.

Claro que pode ter sido coincidência, muita coincidência e coincidência é algo que sempre me desperta o desejo de vê-la provada pela contra-prova da evidência.


CARL LEWIS – Multi-medalhista olímpico, é, na minha opinião, o protagonista do mais sujo escândalo esportivo de todos os tempos: O acobertamento do Doping de Lewis por órgãos oficiais do atletismo americano e internacional.

Eis a história: Em 2003, Dr. Wade Exum, ex-diretor da USOC (Comitê Olimpíco dos Estados Unidos) liberou dezenas de milhares de páginas de documentos para a revista americana Sports Illustrated e o jornal Orange County Register. Nestes documentos, havia referências a diversos atletas americanos, entre eles, Carl Lewis. Estes documentos mostram que apesar de terem testado positivo para doping nas seletivas americanas para as olimpíadas de Seul, Carl Lewis e Mary Joe Fernandez foram acobertados pela USOC e puderam competir nas Olimpíadas.
  
Muito mais estranho foi que na prova dos 100 metros em Seul, o canadense Bem Johnson teve sua vitória anulada por doping e o previamente dopado Carl Lewis, que não poderia estar disputando a prova por ter sido apanhado em anti-doping nas seletivas, herdou a medalha de ouro.


Lance Armstrong – Todos conhecem a história, o hepta-campeão (1999/2005) da volta da França, prova ciclista mais tradicional, foi flagrado em anti-doping.

Nos três casos citados, apenas Armstrong foi esportivamente punido pelos organizadores da volta da França com suas vitórias retiradas dos anais e banimento pela UCI (União Ciclista Internacional).

O COI (Comitê Olímpico Internacional), vergonhosamente insiste em ignorar as provas, somadas pela confissão de Carl Lewis: “Who cares i failed drugs test?”, e mantém as nove medalhas olímpicas de ouro e uma de prata. Vergonha para o atletismo, vergonha para as olimpíadas e principalmente vergonha para o esporte.

Novamente, dos três casos citados, apenas Armstrong está sendo processado por fraude esportiva.

Quanto ao escândalo mais recente, divulgado hoje (ontem) pelo SporTV, o patético presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, disse que está por trás uma tentativa de mudar o quadro de medalhas. A IAAF sempre protegeu os atletas americanos, os que mais seriam penalizados se fossem retiradas suas medalhas.

Não é uma questão de medalha. Sequer é uma questão puramente esportiva, é também criminal.