domingo, 23 de agosto de 2015

Minha filha Ayla


O nome dela, Ayla.
Uma semana atrás, no dia 17 de agosto de 2015 completou 25 anos.
Alta, magra, esguia e sinuosa, olhos castanhos, pescoço fino e comprido, absolutamente elegante, fisicamente puxou a mãe. Mas em espírito puxou a mim, leonina como eu. Os olhos de um brilho raro, revelam a timidez no relacionamento com as pessoas, e o fervor quando defende uma ideia. No final deste ano terminará a residência em psiquiatria e no início do ano que vem irá fazer um doutorado na Sobornne Université em Paris. Apesar de se parecer comigo em espírito, em algo é totalmente diferente. Planeja a vida com bastante antecedência enquanto eu deixo a vida me levar, sem planos a longo prazo. Ayla já sabe que ao terminar o doutorado seguirá uma carreira no magistério superior, assim como eu e a mãe. Linda, Ayla tem muitos pretendentes, mas namora pouco e quando o faz, é por pouco tempo. As expectativas que cria não correspondem à realidade, logo a decepção se forma, não por quem seus namorados são, mas por quem eles não são. Se ela continuar com este nível de exigência, jamais encontrará alguém, porque nesta história de procurar alguém com interesses comuns e à sua altura, por ser uma pessoa de qualidades raras, Ayla jamais encontrará alguém que esteja à altura dela.
A mãe, muito ligada a ela, queria ir para Paris com ela. Ayla me pediu para convencer sua mãe do contrário. Logo eu, que falo com ela apenas o essencial pois ela me odeia e tem motivos para isso.
- Se eu pedir algo, ela fará justamente o contrário, então esqueça. Fale você mesma, argumente como você sempre soube fazer. E sinceramente, eu preferiria que ela fosse mesmo com você. – Falei para Ayla.
Por mais independente que os filhos se tornem, estaremos sempre preocupados com a segurança deles.
Ela conseguiu convencer a mãe a continuar em Salvador, trabalhando como professora Universitária que é o que a mãe dela ama fazer.
Nestes meses que se aproximam já estou sentindo e sei que vou sentir muita saudade dela, mas muita saudade mesmo, talvez mais saudade que eu já senti por alguém na vida. Ela, que passou minha vida inteira separada de mim principalmente porque Ayla é a filha que Deus não me permitiu ter.
E diante das muitas surpresas da vida, quem sabe um dia, em breve, talvez, eu a encontre em Sorbonne, ou em qualquer outro lugar.
Fim.
Ou Início

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