quinta-feira, 27 de março de 2014

Mentes escravas.


Hoje tive acesso a uma pesquisa cujo resultado mostra que 65% do povo brasileiro acha que o uso de saias curtas justificam as agressões sexuais.

Este dado esclarece não apenas a tolerância de brasileiros e brasileiras (a questão do gênero aqui é importante, o que justifica a inclusão) à agressão sexual, mas como também as péssimas escolhas políticas, através dos votos; das escolhas culturais por livros, músicas e filmes que nada acrescentam, muito pelo contrário, apenas diminui a raça humana como geradora de arte de qualidade; e também a comum falta de critério na escolha de seus ídolos.

O que esta pesquisa deixa extremamente claro é que dúzias de milhões de brasileiros estão com as mentes escravas da ignorância, portanto, inacessíveis as questões simples como direitos fundamentais, direitos individuais e direitos humanos. Aprendem os deveres por imposição e quanto aos direitos, desconhecem aos seus e ignoram os dos outros.


De resto, uma triste conclusão: Triste é o país cujo destino está condicionado à opinião de mentes escravas da ignorância.

Um gesto, uma oportunidade.


Um dos ensinamentos mais valiosos que tive de meu pai foi: “Não importa quem te estenda a mão, ao deixar de apertá-la você se torna menor do que quem estendeu”.

Infelizmente, os eventos da vida me tiraram a oportunidade de aproveitar por mais tempo a sabedoria de homem simples que meu pai possuía.

Por sermos uma nação religiosa, aonde a religião se mistura com o Estado ao ponto de nosso calendário ter vários feriados religiosos, fala-se muito de amor ao próximo, do perdão de Cristo, da aceitação do arrependimento alheio, mas quando isto se oferece a você em um gesto de apertar a mão, todos estes conceitos religiosos vão por água abaixo? E por motivo único da arrogância ser maior que sua inteligência?

O estender a mão de um rival nada mais é que uma oportunidade.

Ao citar o ensinamento (acima) de meu pai já fui questionado: - Se um racista ou nazista te estendesse a mão, você não recusaria?

Minha resposta: - Não recusaria, aproveitaria a oportunidade e tentaria mostrar ao racista ou ao nazista os horrores que o nazismo e racismo fizeram e podem continuar fazendo se encontrarem o apoio de mentes pouco iluminadas. Muito possivelmente não o convenceria, mas aproveitaria o momento para tentar tornar esta pessoa melhor e consequente o pequeno mundo ao redor dela.


A vida é feita de oportunidades para se tentar melhorar o que se tem a sua volta, cabe à mente lúcida observar, identificar o momento e agir. Mas para isso pode ser preciso:



domingo, 16 de março de 2014

Paulo Goulart, Uma Inspiração.

                                  Paulo Goulart (1933-2014)

Muitos atores entram no nosso radar por interpretações, uns de forma positiva, por grandes atuações, outros de forma negativa, pela falta de talento.

Paulo Goulart entrou positivamente no meu radar pela interpretação de Claude na novela Uma Rosa com Amor. Mas o que me chamou mais atenção nele foram as declarações que deu a imprensa nos 40 anos que se seguiram.

Pouco conheço de sua vida pessoal, sabia de seu espiritualismo, que era casado com a atriz Nicete Bruno e pai de Beth Goulart.

Posso dizer que tenho admiração pelo talento de muitos atores e atrizes, como tenho por Paulo Goulart. Porém muito pouca gente, e não apenas atores, foram capazes de com suas palavras, inspirar-me, e Paulo Goulart foi um deles.

A morte de Paulo Goulart só não é mais triste porque as palavras ficam e estão por aí, para servirem de exemplo de humildade, perseverança, gentileza, espiritualidade e principalmente amor. Enfim, estão aí para inspirar.

terça-feira, 11 de março de 2014

Ídolos e Antolhos.


Não tenho a menor necessidade de fantasiar perfeição para poder admirar alguém.

A maioria de meus ídolos, se não a totalidade, tinham defeitos, alguns graves, outros nem tanto. Mas isto não tornava menor a minha admiração por estes ídolos. E assim, sempre soube que Errol Flynn era um alcoólatra, mas isso não me impediu de admirar seu estilo de vida, nada saudável, mas intenso.

Duas mulheres marcaram minha adolescência travando diálogos com meus hormônios apenas ao passar de um filme: Audrey Hepburn e Grace Kelly.  

Grace Kelly, a mulher perfeita, princesa de Mônaco, viveu um verdadeiro conto de fadas. Ao menos foi isto que pensei ao colocá-la no pedestal da idolatria. Até que anos depois comecei a ler outras histórias. Nas primeiras leituras coloquei as aventuras amorosas da Grace Kelly com seus parceiros de cena, casados, como uma possibilidade. Depois de tantas outras leituras passou a ser quase uma certeza. Algumas histórias de infidelidades da Grace que envolviam outro ídolo, Cary Grant, eram até divertidas, apesar da incerteza da veracidade desta, já que não a li com a mesma frequência de outras indiscrições reveladas posteriormente.  

Este lado “sapeca” infiel da Grace Kelly não a retirou do meu pedestal de adoração. E nada o fará a não ser uma grande falha de caráter, o que acho improvável.

Enxergar defeitos nos meus ídolos e continuar admirando-os é um reflexo da minha tolerância com meus defeitos e defeitos alheios nos quais não estejam incrustadas a perversidade e a discriminação.


Já fui enganado por prestidigitadores(as) da vida, e desta forma não enxerguei defeitos, mas em caso algum, ao menos no meu conhecimento, me permiti o uso de antolhos. 

"Muito pior que não enxergar é não querer ver".

sábado, 8 de março de 2014

A Bela da Praia.


Hoje te vi na praia.
Algo chamou a minha atenção.
Não foram seus cabelos,
Loiros, longos, soltos,
Dançando levados pela brisa.
Não foi seu corpo curvilíneo,
Ou o vestido rosa que molhado,
Nele grudava.
Não foi o seu sorriso, nem o seu olhar,
Que apenas enxergava o meu olhar,
Nada mais.
O que me chamou a atenção
Foi o seu andar,
Que de tão leve
Não deixava marcas.
Estaria um anjo te carregando?