sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Indivíduos fazem a diferença.


Uma das facetas menos interessantes da humanidade é a sua forte tendência de repetir seus erros. Outro dia estava lendo sobre a invasão da União Soviética por Hitler. Se Hitler tivesse ouvido os conselhos da história (fornecidos pela invasão da Rússia por Napoleão e pelas fracassadas tentativas de invasão da Inglaterra pela França) não teria rompido o acordo que tinha com a União Soviética. E teria esperado alguns anos para provocar a Inglaterra fazendo-o apenas quando tivesse capacidade naval para uma invasão, o que não tinha em 1939. EM ambas as invasões, da Rússia por Napoleão, da União Soviética por Hitler, dois indivíduos fizeram a diferença. O Marechal de campo, Príncipe Mikhail Illarionovich Golenishchev-Kutuzov na invasão à Rússia. O soldado, pastor (de ovelhas) Vassili Grigoryevich Zaitsev na invasão à União Soviética. A diferença dos títulos entre os dois tem bastante significado político nos seus respectivos tempos históricos.

Este preâmbulo é apenas ilustrativo, a história que se repete e que eu desejo comentar é uma história esportiva. Já no ano passado, por algumas atitudes da equipe Lotus, percebi a preferência da equipe por Romain Grosjean. Neste ano ficou claro que o amor-simbiose entre Eric Boullier e Romain Grosjean se assemelhava ao amor-simbiose entre Flávio Briatore e Fernando Alonso. A equipe é a mesma, só mudou o nome de Renault para Lotus. A diferença está no indivíduo, no caso Kimi Raikkonen. Duas corridas atrás Grosjean implorou pelo rádio que a Lotus mandasse Kimi deixá-lo passar. Não tenho a menor dúvida que se o piloto do outro carro fosse o Nelson Angelo Piquet a ordem teria sido dada. Mas o piloto era Kimi, e Boullier ou Ross Brawn ou Briatore nem ninguém teria peito de fazer o pedido para Kimi. A resposta dele seria outra daquelas que ele já deu e entraram para a história da Fórmula-1.

Boullier, também tem outra desvantagem em relação à Briatore. Não pode dar um carro defasado a Kimi, como Briatore fez por um ano e meio com Nelsinho, rompendo uma cláusula de desempenho do contrato, motivo da generosa compensação financeira dada pela Renault a Nelson Angelo Piquet pós-escândalo.

Mas nada muda o fato que a relação Boullier-Grosjean é uma relação de amor historicamente semelhante à de Briatore-Alonso. Como a Lotus de Kimi Raikkonen, desde o anúncio de sua ida para a Ferrari, está muito mais instável que a Lotus de Grosjean e o francês não virou melhor piloto que o finlandês de uma hora para outra, se eu fosse o Kimi, ouviria a voz da história e passaria a acompanhar pessoalmente a calibragem dos pneus, acertos de suspensão e ajustes de asas. Por quê? Porque a história se repete outra e outra vez e uma das facetas menos interessantes da humanidade é a sua forte tendência de repetir seus erros.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O que pensa a Ferrari?


Não faço ideia do que a Ferrari pretendia contratando Kimi Raikkonen para ser piloto junto com Fernando “não sei de nada” Alonso. Se era dar um aperto no espanhol por suas declarações deste ano, definitivamente escolheu a pessoa errada para apertar. Fernando “não sei de nada” Alonso foi aquele que entregou os e-mails trocados com Pedro De La Rosa para a FIA como evidência do crime de espionagem cometido pela McLaren e que custou aos cofres da equipe inglesa 100 milhões de dólares. Poderia ter custado o banimento da McLaren, defendido por Max Mosley conforme esta declaração dada por ele.

A pizza montada poupou os pilotos Hamilton e Alonso, bastante beneficiados pela espionagem e conscientes dela, salvos pela delação premiada do Fernando “não sei de nada” Alonso, tiveram seus pontos e posições preservadas. Segundo Mosley salvando a imagem de um grande campeonato pela batalha entre Raikkonen e Hamilton.

Uma das razões do meu desprezo por Fernando “não sei de nada” Alonso é justamente o fato dele ter se beneficiado com a espionagem e quando se viu irritado com a McLaren por dividir a equipe entre ele e Hamilton, VINGOU-SE entregando a prova do crime, do qual Alonso se beneficiou. A outra razão é seu “padrinho” Briatore ter forçado o Nelsinho a bater em Cingapura para dar a vitória a Alonso, que mais uma vez, não sabia de nada.

O maior prejudicado desta história foi Kimi Raikkonen, que teve o que seriam vitórias legítimas tomadas pela desonestidade da McLaren/Alonso/Hamilton. Retirando as vitórias conquistadas pela McLaren usando os dados da espionagem roubados da Ferrari, Kimi teria acumulado vitórias na Malásia, Hungria e Itália, somando as seis que conquistou nas pistas seriam nove, ou oito se considerar que Massa fez jogo de equipe no último GP do ano, no Brasil, o que não seria necessário.

Como por conta do escândalo comprovado pelos e-mails enviados a FIA pelo Fernando “não sei de nada” Alonso, A Ferrari sagrou-se a campeã de equipes (A McLaren foi desclassificada, os pilotos não), com isso ganhando o prêmio em dinheiro para a equipe campeã, e tendo feito o campeão nas pistas, Raikkonen, a Ferrari convenientemente esqueceu-se que Alonso se beneficiou da espionagem e mais tarde, vendeu-se ao Banco Santander contratando Alonso e demitindo Raikkonen, seu último campeão. Algo que o Enzo Ferrari jamais faria, mas o Montezemolo está pouco se lixando por isso.

Por conta deste passado do Fernando “não sei de nada” Alonso é que a contratação de Kimi Raikkonen pela Ferrari me espanta agora. Se em 2014 o desgaste dos pneus for um fator importante como neste ano, Raikkonen será beneficiado por seu estilo de direção preciso que conserva os pneus. Um piloto que Alonso NÃO que ver campeão em 2014, em hipótese alguma, é o Raikkonen. Se o Raikkonen largar na frente do campeonato veremos o Fernando “Choronso” da McLaren de 2007, demandando, dando chiliques, e se souber de alguma “merda”, assim como fez em 2007, Fernando “não sei de nada” Alonso vai ligar o ventilador.

A Ferrari está agindo como amante do cara que largou a esposa por ela e acha que ele vai ser fiel dali em diante. Não entende que fidelidade vem de berço, é inerente, se não foi uma vez, a única coisa que impedirá que repita é a falta de oportunidade de trair.

Por outro lado, diante do que se tem dito: Alonso na McLaren em 2015, dois absurdos vem desta situação. Um nem tanto assim, assim como a Ferrari se vendeu ao Santander, a McLaren estaria se vendendo ao mesmo banco que acompanharia Alonso, é claro. E venderia-se também a Honda, que deixou de lado o espírito do Bushido e deseja a contratação do Ronin Fernando Alonso.  

Uma das piadas mais infames que vejo na internet é chamarem o Alonso de Samurai, é desconhecerem completamente a cultura oriental. Diante do ocorrido em 2007, Alonso deixou de ser Samurai para se tornar um Ronin.

Diante do que se diz sobre os testes da Ferrari para 2014, o outro absurdo é a Ferrari arriscar um possível, mas nem tanto provável, número 1 pintado no carro ser transferido para a McLaren em 2015. Este número 1 tem um valor mercadológico incalculável.

Distante de tudo isto está Kimi Raikkonen, um piloto dos anos 70 que conseguiu por uma máquina do tempo aparecer no século XXI. Kimi vai se divertir em 2014, ganhando ou perdendo. Não acredito que ele espere coisa alguma da Ferrari, para ele o que vier é lucro, vitórias serão lucros, um título então... O que Kimi demonstra, fazendo corridas incríveis para uma Lotus que não paga seu salário, é seu amor pela velocidade, pela corrida em si. Não se interessa pela política da Formula-1 e com seu jeito silencioso vai conquistando fãs por todo o mundo da velocidade. Não fala mal de ninguém, nem mesmo da Ferrari quando esta o sacaneou. Exigiu um pedido de desculpas do Montezemolo para retornar, mas isto permaneceria em segredo não fossem pessoas ligadas ao Montezemolo terem vazado.

Pelo histórico, e a história nunca falha, no ano de 2014 na Ferrari teremos um Kimi tranquilo (em caso de vitórias) ou triste (se perceber favorecimento extremo ao Alonso), e um Fernando agitando o que pode, estando à frente ou atrás, pois tendo um competidor à altura na mesma equipe vai criar um inferno para que todas as preferências sejam para ele. Este é o Kimi, este é o Alonso. Nem é preciso esforço para adivinhar quem eu torço para que seja campeão ano que vem. 

Olen juurtuvat Kimi, paras.

domingo, 13 de outubro de 2013

A Lotus do Kimi e seu assento de espadas.


Antes de entrar no mérito do título do post, vamos falar um pouco do campeonato de pilotos de Fórmula 1.

Vettel está a um passo de formiga de se tornar o quarto tetracampeão do mundial de pilotos da Fórmula 1. Muitos dizem: “É o carro”. Dá vontade de rir do pouco conhecimento desses caras. Desde 1984 com a McLaren MP4/2, o campeonato de piloto perdeu o sentido, pois o carro passou a ser mais importante que o piloto. O último campeão com um carro inferior foi Piquet em 1983 com uma Brabham nitidamente inferior a Ferrari e a Renault (Campeã e Vice dos Construtores). De lá pra cá, apenas Prost (1986) e Raikkonen (2007) foram campeões com o segundo melhor carro (vice nos Construtores). A Ferrari foi campeã de 2007 pela desclassificação da McLaren pelo escândalo da espionagem que favoreceu aos pilotos dela, entre eles o Fernando “não sei de nada” Alonso, bem insatisfeito por dividir as atenções com Hamilton.

Voltando aos dias atuais. Que Vettel tem o melhor carro, ninguém duvida. Mas que Vettel também faz a diferença está clara na posição do Webber, seu companheiro de equipe, quinto no campeonato, atrás dos melhores pilotos da Ferrari, Lotus e Mercedes. Resumindo. As quatro primeiras posições estão nas mãos daqueles que fazem a diferença: Vettel, Alonso, Raikkonen e Hamilton.

Como o campeonato está decidido, vamos à corrida, para mim uma comédia.

Massa cumpriu o que disse, desobedeceu a ordem “Strategy A, NOW, Please”, resistiu algumas volta e correndo apenas para si foi ultrapassado por Alonso. No final da corrida ainda disse que não atendeu a ordem de equipe. Dois vexames num só gesto. Foi ultrapassado pelo Alonso e nem a desculpa de jogo de equipe pode dar mais. Vai continuar correndo por si e chegando atrás do Alonso, isto se a Ferrari não o mandar para casa mais cedo. Se fez com Prost, quanto mais com Felipe.

Agora o tema do título. A Lotus, depois das declarações bem antes da corrida feitas por seu “Manager” Eric Boullier, voltou suas atenções para Grosjean. Nem precisava das declarações. Não acredito em coincidências e o Kimi “piorou” depois que anunciou sua ida a Ferrari e ganhou da Lotus um trono digno da série de TV “Game of Thrones” no seu carro, o que acabou por detonar as costas do finlandês. Haja álcool para amenizar a dor (brincadeira, de fato o Raikkonen precisou de injeções de corticoides para correr). Enquanto isso o assento do Grosjean era forrado com veludo.

Essa aposta da Lotus no Grosjean cobrou seu preço hoje. Com sua experiência e capacidade de manter um ritmo constante conservando os pneus, não tenho dúvidas que se fosse Raikkonen no lugar do Grosjean, a Lotus teria uma vitória para comemorar hoje. Mas com seu assento de espadas Raikkonen faz o que dá para fazer, as espetaculares ultrapassagens em pontos inesperados que Kimi propicia aos fãs de F-1. Hoje foi sobre Hulkenberg. Raikkonen é o piloto das ultrapassagens mais espetaculares da Fórmula 1 de hoje e um dos mais espetaculares, se não o mais espetacular de sempre. Dos que eu vi desde os tempos de Fittipaldi, não tenho dúvidas.


Pelo visto, para os fãs de Raikkonen resta esperar pelo ano que vem e ver se o finlandês vai ter realmente o mesmo tratamento dentro da equipe Ferrari que o espanhol Fernando “não sei de nada” Alonso, porque neste ano, na francesa Renault inglesa Lotus, ficou claro que as atenções estarão focadas em Grosjean. A não ser que Eric Boullier e Alan Permane ganhem bilhões de neurônios funcionantes e percebam que o grande chamariz de investidores na Fórmula 1 são as vitórias nos Grandes Prêmios, e que Kimi é mais preparado e talentoso que Grosjean para oferecer estas vitórias a Lotus, afinal já o fez. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O "Ti-ti-ti" da Fórmula-1.


Primeiro foram as várias declarações sobre um estranho ruído vindo do carro da Red-Bull nas retomadas de curvas. Depois as suspeitas sobre o controle de tração (que acho infundadas). Depois a declaração de Vettel: “Nunca vão descobrir como fazemos isso.” seguida do deboche após segundo lugar nos treinos livres de hoje: “Ainda temos espaço é só ligar o controle de tração”.

Antes de entrar no mérito da questão, uma informação que ilustra a suspeita sobre o que Vettel disse que jamais descobriríamos: O carro da Red-Bull tem a melhor retomada de curva.

Para começo de conversa, sem teorias de conspiração, o segredo do sucesso da Red-Bull do Vettel, eu diria que com 99% de certeza está na hibridização.

Simplificando, eu diria que há 90% de chances (é, de fato sou um crédulo por natureza) da hibridização Vettel-RBR produzirem estes resultados fantásticos. Os outros 10% ficam por conta da declaração de Vettel, afinal se não vamos descobrir é porque não existe, ou existe e aparentemente está muito bem encoberto.  

Por que os 90% para o híbrido Vettel-RBR? Usam o termo simbiose para explicar o benefício mútuo de dois organismos diferentes. Mas no caso do Vettel, ele e o carro parecem organismos diferentes cujos DNAs se unem formando um DNA único, híbrido. Por isso chamo de hibridização, nos termos da biologia molecular.

É importante lembrar que Vettel é SIM um piloto espetacular. Basta lembrar que ele conseguiu a façanha de dar a primeira vitória ao energético em Monza, mas não pela equipe principal, a Red Bull, mas pela auxiliar Toro Rosso, uma equipe pequena, preparatória de pilotos. (Sintomático o fato de a língua inglesa representar a equipe principal e a latina, no caso espanhol, representar a equipe secundária).

Porém, em automóveis, o termo híbrido é usado para aqueles que usam mais de uma fonte de energia, nos carros de rua especificamente são aqueles que têm motores que geram energia por combustão e motores elétricos. Nos carros de F-1 o termo híbrido poderia ser utilizado porque também se utiliza duas fontes de energia, a queima dos combustíveis e o KERS, um sistema que acumula a energia gerada nas frenagens. Pelo regulamento original, não sei se houve mudanças, o máximo de energia que poderia ser utilizada a cada volta era de 400 kJ com o uso máximo de 60 kw (que é 60 kJ/s) Ou seja: Descarregar toda a energia de uma vez levaria 6,7 segundos e representaria um ganho de potência adicional por volta de 82 cavalos.

O sistema Kers usado pela Renault e RBR (a quem a Renault fornece os motores) era (não sei se ainda é) o desenvolvido por Magnetti-Marelli que usava um motor elétrico para gerar a energia mecânica a partir de uma bateria que seria a responsável pela acumulação dos 400 kJ. Os motores elétricos fornecem a energia diretamente ao eixo aumentando o seu torque consideravelmente.

Isto é o que se sabe.

Primeiro quero deixar bem claro que não estou acusando a Red Bull Racing de estar fazendo isto e sim dizendo o que eu faria, se tivesse o instinto natural da Fórmula-1, desonesto, para me igualar a RBR.

Sabendo que a energia gerada pelas frenagens é bem superior ao acúmulo da bateria de 400 kJ e tendo um motor elétrico no meu carro eu faria esta energia desperdiçada ser utilizada diretamente no motor. Ou seja, logo após as frenagens a energia que não fosse acumulada na bateria seria utilizada diretamente e imediatamente pelo motor elétrico, ou seja, nas retomadas das curvas, aumentando consideravelmente o torque, o que faria meu carro espetacularmente veloz nas retomadas, economizando um tempo considerável na volta e facilitando as ultrapassagens por estar mais perto dos concorrentes logo no início das retas e com uma aceleração maior devido ao torque extra.

Não sei se a telemetria dos motores elétricos é verificada na F-1, é bem provável que sim, mas qualquer gênio da informática poderia resolver isto para mim separando as informações sobre o uso a partir da bateria e ocultando o imediato.

As únicas coisas que não poderiam ser mudadas é o som característico do motor elétrico, que faria meu carro ter um estranho som nas retomadas de curvas e uma eficiência tão grande nas aproximações que seria capaz de lançar suspeitas de algo errado no controle de tração.


Isto é o que eu faria, se fosse desonesto e estivesse no comando de uma equipe de Fórmula-1. Ainda bem, para a credibilidade de um esporte já no vermelho após os últimos escândalos que envolviam o “não sabia de nada” Fernando Alonso, que não estou no comando de uma equipe de Fórmula-1 e não sentir atração por vitórias artificiais porque desonestas.