quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Miss Simpatia.


Hoje vi em um texto uma citação de Clarice Lispector: “E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma. Viver é mágico e inteiramente inexplicável”.

Pensei no personagem Kamilla do BBB13. Considero todos os indivíduos que entram no BBB como personagens. Os participantes são escolhidos não pelas suas peculiaridades de seres humanos, mas por suas semelhanças com personagens. Tanto que muitas vezes os personagens se repetem: A moça atrevida, a moça ingênua e alienada, o rapaz garboso, o rapaz invejoso. Rapazes e moças sem papas na língua, rapazes e moças falsos. E por causa disto, muitas associações são feitas entre BBBs atuais e ex-BBBs. Esquecem-se das trocentas peculiaridades diferentes entre estes participantes e se lembram de apenas duas ou três semelhanças. E eu prefiro que seja assim. Explico: O BBB é um jogo de julgamento popular. Divirto-me no Twitter, julgando e “malhando” os personagens, não me sentiria bem fazendo-o com seres humanos cujo comportamento não me afetam ou ao bom andamento da sociedade, como os assassinos, homicidas culposos (motoristas bêbados) e os agressores de crianças. Esses eu julgo e “malho” como indivíduos porque sequer os considero seres humanos.

Por que a frase de Clarice Lispector E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma. Viver é mágico e inteiramente inexplicável” me fez lembrar a “personagem” Kamilla? Porque esta menina vive sorrindo como se sua alma estivesse sob constante ataque de cócegas. Passa o dia cantando a sua imensa felicidade como se estivesse vivendo um momento mágico e apesar de estar observando e por vezes sentindo a inveja que desperta, ela não se dá por vencida e continua a sua rotina de felicidade. Ainda vai sofrer na casa porque ninguém é imune ao sofrimento e vai perceber como pode ser dolorida a convivência com “personagens” répteis. E mesmo assim, ela estará lá, sorrindo pelas cócegas na alma, cantando a sua felicidade. Parabéns a personagem Kamilla, ou a atriz, Kamilla Salgado, já que muitas vezes, a personalidade da atriz/ator assume irremediavelmente a condução do personagem no roteiro da novela BBB.


domingo, 20 de janeiro de 2013

Galeria de Ídolos - Audrey Hepburn




Hoje fazem exatos 20 anos da morte da mulher mais elegante a ter pisado neste planeta: Audrey Hepburn. Nasceu com o nome Audrey Kathleen Ruston em Bruxelas, tornou-se mundialmente conhecida como Audrey Hepburn, símbolo da elegância. Começou como bailarina, depois se tornou modelo. Ficou conhecida mundialmente após o papel de princesa em “A Princesa e o Plebeu”. Atingiu o ápice da elegância, sob qualquer forma, sendo mostrada ao mundo inteiro no filme “Bonequinha de Luxo”. Sobre ela já escrevi aqui. 


Dois anos depois de Bonequinha de Luxo, juntou-se ao homem mais elegante a ter pisado neste planeta para protagonizar o filme de suspense “Charada”. Este filme possui algo muito melhor que o suspense do roteiro. Tem as cenas mais elegantemente românticas já produzidas no cinema. Em uma delas Audrey fala para Cary: “Sabe o que tem errado em você? Nada.”


 Este filme é recheado de cenas como as seguintes:






Em 1988 juntou-se a UNICEF como embaixadora especial, fazendo vários trabalhos humanitários, vivendo seus últimos anos da forma pela qual é conhecida, elegantemente.

Toda vez que leio a frase “uma mulher elegante” a primeira imagem que me vem a cabeça é a de Audrey Hepburn.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Último Episódio




Eu precisei de tempo para me recuperar e conseguir escrever sobre o último episódio de Fringe. Por que esta série mexeu tanto comigo? Simples. Amo meus filhos mais do que tudo no mundo. Junte todo o amor que senti por todas as pessoas que passaram por minha vida, e eu amei muito estas pessoas, ainda assim não dá para comparar ao amor que sinto por meus filhos. E Fringe pode até ser classificado como uma série de ficção científica, mas não se engane. Por cinco anos Fringe contou a mais bela história de amor que já passou pela tela pequena.  A História de amor entre Peter Bishop, o filho e seu pai, Walter Bishop. Amor que enfrentou barreiras inter-dimensionais e as venceu. Amor que venceu a morte, não apenas uma, mas três vezes, a primeira do AltPeter, a segunda do Peter que se sacrificou por seu pai e sua mulher, e finalmente de Walter que fez o sacrifício final por amor ao filho.

Joel Wyman concedeu a Anna Torv toda a primeira hora do episódio final, aos personagens Olivia e AltOlivia para deixar bem claro ao final, que Fringe foi, sempre, uma história de amor entre pai e filho. A cena final dos dois, quando Peter balbucia sem som para Walter: “I Love You, Dad” tirou-me o ar e encheu meus olhos de lágrimas. Eu SEI o que é sacrificar-se por um filho. A cena final foi tão real que é muito difícil acreditar que John Noble e Joshua Jackson não são pai e filho de verdade. Dois atores talentosos a ponto de nos fazer acreditar que apenas os dois poderiam desempenhar estes papéis. Nenhum outro ator poderia interpretar Walter ou Peter. Não com o mesmo resultado que vimos, não apenas na cena final, mas como em todas as cenas (centenas) em que os dois contracenaram.



Podem dizer que Joshua Jackson e Anna Torv não tiveram “química”. O que eu discordo. Acho que a química perdeu-se na quarta temporada, talvez por conta de algo pessoal entre eles, como vários fãs acreditam, ou simplesmente, o roteiro da quarta temporada (a pior delas, mas ainda assim muito melhor que o melhor de muitas séries) acabou com a química do casal. Sei lá. Mas nada disso importa, afinal, apesar de Fringe ter terminado com Peter, Olivia e Etta “resetados” na infância de Etta, numa promessa de vida familiar feliz, a grande história de amor desta série foi entre Walter e Peter.

Será difícil achar uma outra série que substitua a minha admiração por esta série. Walter e Peter Bishops combinados com John Noble e Joshua Jackson é algo que acontece uma única vez em cada universo alternativo.





Resta pedir a alguém tão genial quanto Walter que “resete” o tempo para 2008, em um mundo alternativo aonde a média de inteligência do público seja tão alta quanto ao dos personagens para que neste universo, uma série tão brilhante como Fringe não tenha uma vida tão curta, perdida no mar da mediocridade que é a televisão, nos Estados Unidos e no mundo inteiro por consequência.

Fringe

FRINGE

            (* 2008 - † 2013)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A diferença entre o ser e o parecer.


As primeiras semanas de um Reality show são as mais perigosas para os participantes porque ainda não solidificaram os seus personagens. Neste momento o ser ainda interfere no parecer, mas é passageiro. Depois de certo tempo, o parecer assume e o ser desaparece. Todos passam a serem personagens. Somem os indivíduos por trás das máscaras que se incorporam aos rostos, tornando-se os próprios rostos. Para alguns de forma bem natural, para outros tão artificialmente que parecem bonecos de pano com cabeças de porcelana.

Muitas coisas podem mudar, a maioria dos personagens tenta permanecer com uma coerência roteirizada, mas não internalizada. Enquanto outros, por demanda do seu próprio roteiro ou dos produtores, tornam-se incoerentes como tática de angariar a simpatia popular.

É um jogo de conquista, aonde os participantes geralmente não tem nada a perder, se tem, comete uma tolice ao entrar no programa. O participante TEM QUE conquistar a audiência mais do que tudo, mas se conquistar os rivais do jogo também conta, afinal este jogo é perigoso e necessita da sutileza de construir uma imagem para o público e desconstruir a imagem de seus rivais.

Não me espantou a saída de Bambam, cuja esperteza (ou posso estar enganado e foi pura sorte) já tinha sido revelada na criação da Maria Eugênia no primeiro BBB. O que me faz acreditar na tese da esperteza do Bambam é que consta pelas informações da mídia (por sua vez sempre pouco confiáveis) que ele não torrou o seu prêmio, muito pelo contrário, multiplicou com investimentos, de maneira a possibilitar uma vida confortável. Construiu outra imagem fora do jogo e com ela ganha alguns trocados como “arroz de festa”. Espantou-me o fato dele ter aceitado entrar no jogo. De todos era o único que só tinha a perder.

Como jogo de desconstrução, Bambam, como todos os outros, têm em seus rivais potenciais demolidores de imagem. Algo que pode ser superado apenas com um apoio popular maciço como teve o Dourado no BBB10. Dourado foi vítima desta “desconstrução” a todo o momento. A exceção de Tessália, todos tentaram agredir a “imagem” do Dourado, até mesmo Kadu em seu silêncio cúmplice as acusações de Eliéser, ou da Lya que levantou dúvidas em relação a Dourado no paredão da Cacau. Mas com o apoio popular Dourado venceu a todos. Bambam não teria este apoio no BBB13, Bambam estava consciente disso. Bambam conversou com muitos, até criticou o Dhomini abertamente, falando exatamente da imagem. Bambam sabe o quanto a imagem é importante. Ele ganhou dinheiro com a imagem para saber exatamente o valor dela. Não poderia correr o risco de ter a sua imagem “desconstruída” e por isso desistiu do programa e com isso o parecer fez a sua primeira vítima.

Já escrevi no twitter que a maior falsidade do BBB dá-se no momento da saída com a afirmação de terem sido na casa o que realmente são. Mentira. E na casa aonde ninguém é o que parece, o parecer vai fazendo suas vítimas. A primeira, Bambam, por desejar conservar a imagem construída no BBB1 e anos seguintes. As próximas se darão ou porque o “Parecer” não convenceu, ou não agradou.  

domingo, 13 de janeiro de 2013

O Adeus de Fringe




Falta apenas uma semana para a televisão americana dar um grande salto de queda livre para abaixo da linha da mediocridade. Na próxima sexta-feira termina a série de televisão mais inteligente já produzida. Termina por falta de audiência nos Estados Unidos, uma prova da imbecilidade geral que assola aquele país e o planeta como um todo. Até que a Fox sustentou a série nos três últimos anos por conta da legião de fãs dedicados que a série arrebatou pelo mundo afora. Fãs criativos assim como ou autores da série. Fãs que demonstraram seu amor pela série de forma comovente, produzindo vídeos e encaminhando presentes relacionados a série para os produtores, de forma cativante, o que fez a série sobreviver mais três anos apesar da baixa audiência. Mas não foi o suficiente.

Desde o início os autores disseram que seria uma série sobre uma família, os Bishops, entremeadas de ficção científica. Na verdade, a ficção científica teve igual importância ao desenvolvimento da “estória” familiar. Ambas escritas com um brilhantismo jamais visto nas pequenas telas.

Como cientista fiquei maravilhado pela ciência “Fringe”. Como pai, emocionado com absolutamente todas as cenas entre Walter e Peter, pai e filho, magnificamente interpretados por John Noble e Joshua Jackson.

O brilhantismo da série mostrou, pela falta de reconhecimento da grande mídia, o quanto a mídia americana é deficiente, movida pela “celebridade” e incapaz de compreender o talento. Durante os cinco anos da série, John Noble, o intérprete do personagem Walter Bishop deveria ter recebido todos os prêmios dirigidos a interpretação em TV. TODOS. Neste último ano, os prêmios deveriam ir todos para o ator Joshua Jackson, intérprete do personagem Peter, que nos quatro anos anteriores não recebeu dos escritores um texto digno de seu talento e que neste último ano foi recompensado com a oportunidade de mostrar o seu talento, possivelmente por conta do que disse Joel Wyman, o timoneiro do barco Fringe: “Ele nunca esquece uma linha do texto, está sempre de bom humor, profissionalmente pontual e nunca reclama de nada. Qualquer coisa que arremessemos para ele, ele dá conta com um talento incrível, profissionalismo e o desejo de dar o seu melhor”.
Uma das cenas mais emocionantes desta série foi quando Walter recebeu o desenho da tulipa, o que representava para ele o perdão divino. Uma tulipa como esta:


Para quem assistiu a série não preciso explicar mais. Para quem não assistiu, recomendo pegar os DVDs da série. Quanto à tulipa, representando uma analogia ao perdão, quando a televisão voltar a ter uma série tão inteligente e criativa quanto Fringe, o que duvido muito, encaminharei uma tulipa aos produtores responsáveis.