domingo, 31 de março de 2013

Feliz Aniversário




Estás avançando em idade
Aproveite e clareie a mente
Perceba a imensa beldade
Da flor e da semente

Você que pensa na verdade
Ímpeto louco de adolescente
Não se deixe ferir pela maldade
Pelos espinhos ou pela serpente

Seja sincera no que sente
Mantenha afastada a crueldade
E verás tudo tão claramente
             
Mantenha-se deveras iluminada
Leve o amor para a posteridade
Pela vida, viva apaixonada.

terça-feira, 26 de março de 2013

Uma Conversa com Pedro.


Morri.
Causa mortis? Nem faço ideia. Estou numa antessala para falar com o braço direito do Homem, ou seja, devo ter sido considerado indigno de falar com o Próprio e eu vou lá fazer questão de saber do que morri?
Pouco tempo depois ouvi uma voz dizendo que eu devia entrar na sala. Procurei o alto-falante de onde o som da voz poderia ter saído e não achei. Entrei na sala e me deparei com um homem de barba e cabelos compridos um pouco grisalhos. Parecia comigo. Esta semelhança seria proposital? Com todos que entram na sala para que se sintam confortáveis? Sorri para o homem.
-Titus Magnus Augustus Brigante? – perguntou o homem com uma voz grave, porém agradável.
- Sim – respondi estranhando o fato de ele fazer uma pergunta retórica, ou haveria casos de erros de identificação de mortos até entre os espíritos ou que nome tenham aqueles que vivem do outro lado da vida?
- Pode sentar-se – disse o homem.
Sentei e de imediato reparei que os olhos dele eram castanhos, portanto esta semelhança não era completa e notei, de forma preocupante, duas portas na parede por trás da mesa dele. Será que foi por isso que não vi ninguém saindo da sala antes de entrar? Será que cada uma das portas seria de um destino diferente a depender do nosso comportamento em vida?
Ele pareceu ler meus pensamentos porque me perguntou em seguida:
- Você sabe que está sendo julgado?
-Entendi, Sr? – perguntei.
- Pode me chamar de Pedro.
- Então Pedro, você será o juiz, o promotor ou meu advogado de defesa?
Ele riu.
Objetivo inicial cumprido. Estava tentando ser simpático qualquer que fosse a função dele.
- Nenhum. Esta é uma audiência de conciliação e tenho um ponto de escuta no meu ouvido.
Definitivamente, neste lugar pós-vida, eles tinham senso de humor.
- Para começar vamos falar das coisas boas que você fez na sua vida ....
Vamos pular esta parte da conversa, não tão longa quanto eu gostaria, porque não estou contando esta história para me gabar dos meus acessos de bondade.
- Agora vamos falar dos pecados – disse ele com uma voz mais grave do que a que eu já me acostumara a ouvir. – Nos últimos 35 anos você não procurou a igreja na qual foi batizado e fez sua primeira comunhão, não confessou seus pecados e nem mostrou arrependimento. O que você tem a falar em sua defesa?
- Bom Pedro, você já respondeu a sua pergunta. Porque vou confessar um pecado se eu não me arrependi deles. Para rezar um sem número de Ave-Marias e Pai-Nossos e voltar a cometê-los sem o mínimo remorso?
-Não sente remorsos deles?
- Pelo que me lembre, cometi apenas três pecados capitais na vida, a gula, a luxúria e a ira. Da gula e da luxúria não me arrependo mesmo, cometi e se tiver comida e mulheres para onde vou já aviso logo que vou continuar cometendo.
- E sobre a Ira, o que você tem a dizer? – perguntou Pedro.
- Lamento o fato de ter perdido a calma, ou o controle, mas jamais o fiz em proveito próprio, sempre que fiquei irado foi para defender uma pessoa inocente, ou uma causa que achava justa.
-Sabemos disso. Mas além destes pecados capitais você infringiu um dos mandamentos. Sabe do que estou falando? – perguntou-me.
- Sei, mas Pedro, como é que vem aqueles mulherões, me dão a maior bola e eu não vou sentir desejo? Só se tivesse algo errado comigo.
- Mas você não ficou apenas no desejo, você de fato cometeu adultério.
- Porra Pedro, você deve saber que aviões eram a Heloísa, Angelina, Matilde, Juliana, Jeanne, Scarlett, Maria Eliza, Elizabeth, Cristinne, Luciana e as outras. Tudo avião e eu vou me negar a pilotar?
- Estas eram atraentes, mas você também cometeu adultério com mulheres que não eram tão aviões assim. – respondeu, talvez querendo agravar a acusação.
- Você sabe que depois de um litro de vodca qualquer teco-teco vira um Boeing. E você tem que me dar o desconto que na primeira vez de muitas delas eu nem sabia que eram casadas.
- Na primeira vez, e nas outras em que você já sabia e continuou assim mesmo?
- Ora Pedro, o pecado já tinha sido cometido, seria outro pecado não continuar aproveitando.
- E o mal que você causou aos maridos traídos? – perguntou Pedro.
- Se causei algum mal foi involuntário, corno só dói quando se sabe dele e por mim ninguém jamais ficaria sabendo.
- Mas alguns ficaram sabendo.
- Por culpa delas que contaram, eu sempre fui muito discreto, tenho culpa se elas quiseram machucar seus maridos?
Pedro sorriu. Ele não parecia um promotor ou um juiz. Parecia até se divertir com a minha autodefesa. Então, numa voz bem tranquila ele começou a falar:
- Levando em consideração seus atos de bondades e seus pecados cometidos, devo ....
No momento que ele começou a falar uma das duas portas se abriu, vinha uma luz azulada, mas isto não dizia nada, afinal se estávamos no céu e a cor deve ser azulada, isto não implicaria se eu iria pro inferno ou não.
Tentei lançar um último recurso de defesa.
- Posso pedir um grande favor? –perguntei interrompendo-o.
- Peça. – disse em voz tranquila.
- Você pode fazer uma dosimetria da pena levando mais em consideração as bondades que fiz?
Pedro começou a rir, não era um sorriso, era uma gargalhada. Ainda rindo, ele continuou de onde tinha parado:
- Levando em conta e pesando todos os prós e contras, decidimos que a pena deva ser...
A porta aberta fechou-se de repente. Senti que fui chacoalhado. Uma voz feminina se fez presente:
- Acorda, acorda, se esconde que meu marido está chegando.- disse Heloísa.
- Me esconder aonde? Eu sou muito grande para caber dentro de um armário.
- Se esconde no banheiro, vou disfarçar e sair com ele dizendo que estou passando mal. Use minha chave pra sair – disse ela enquanto me estendia a chave que estava na cabeceira da cama.
Enquanto estava no banheiro pensei se minha conversa com Pedro tinha sido apenas um sonho, ou se eu voltara no tempo para tomar conhecimento de minha Causa Mortis.

Mulheres

É tão fácil amar as mulheres por sua forma.

Em umas, amo o cabelo comprido, 


                                              Ludmilla Dayer

Em outras, amo a testa inteligente,


                                             Kate Beckinsale

Ou amo a cor dos olhos,


                                             Elena Dementieva

Ou amo a forma dos olhos, 


                                             Anne Hathaway

Ou amo o nariz,


                                             Amy Adams

Ou amo a boca, 

                                              Angelina Jolie

Ou amo o sorriso,


                                            Kamilla Salgado

Ou amo o queixo,


                                             Bar Refaeli

Ou amo a linha do pescoço,


                                             Audrey Hepburn

Ou amo determinadas partes do corpo,


                                             Elena Dementieva

Ou amo a forma sinuosa do corpo,


                                             Alessandra Ambrósio


Difícil, para alguns, não para mim, é amar não somente a sua forma, mas o interior. Para que fique fácil, não se prenda à defeitos insignificantes, mas às qualidades, e assim é possível amar como um todo quem tem pequenos defeitos, mas que com a alegria dela, anima nossa alma,


                                             Kamilla Salgado

Porque é fácil amar à quem não se enxerga defeitos,


                                             Elena Dementieva


Enfim, amar as mulheres é muito fácil, o difícil, para nós homens é conviver com as mulheres, perfeitas, imperfeitas, belíssimas, não tão belas, mas todas com uma graça que é exclusiva do sexo feminino. E a culpa de todos os fracassos dessas relações é nossa, por nossa incapacidade de compreender e aceitar esse ser misterioso que é a mulher.

domingo, 24 de março de 2013

Preciosa

Ela se chama Kadupul, 

Cativante porque é bela,

Especial porque nasce por volta da meia-noite e morre antes do amanhecer,

Preciosa porque não existe um preço sobre ela. 

É como a vida na eternidade.



quarta-feira, 20 de março de 2013

Ser fiel ou não ser fiel - Eis a questão


Um conto, sobre ser fiel aos amigos. Se você tem menos de 18 anos, não leia.



O início desta história deu-se na primeira metade dos anos 80. Mal saído da adolescência eu era considerado um jovem bonito, mas sem aquela beleza feminina, pelo contrário, rosto com traços fortes, olhos verdes, cabelos claros. Minhas amigas me diziam que ninguém seria capaz de resistir a um olhar e um sorriso meu. Bem, eram minhas amigas, portanto o quanto existe de verdade nisso é questionável. Fato era que não tinha dificuldade de ter vários relacionamentos vazios. Os anos 80 também ajudavam nisso.

Ainda estudante de Medicina, jogava tênis três noites por semanas. Tinha um parceiro de duplas com o qual fiz grande amizade por uns dois anos. Na quarta-feira depois do tênis íamos até a casa dele jogar xadrez. Ele era casado apesar de ter cerca de 22 anos, por aí, não me lembro deste detalhe. Uma quarta-feira ele não apareceu para jogar, mas antes de sair para o clube recebi um telefonema da esposa dele para passar na casa depois do tênis para a partida de xadrez.

Cheguei à casa dele mas este amigo não estava. A esposa disse que ele iria demorar um pouco, mas chegaria. Ela me serviu um Hi-fi, que eu sempre bebia nestas noites. (minha paixão por vodca é anterior à paixão pelo tênis feminino russo). Sentei-me numa ponta do sofá de 3 lugares e fiquei cabreiro quando ela sentou no meio do sofá e começou um papo bem direto do quanto ela me achava atraente. Nem terminei o drink (e bebo rápido, em 4 goles mais ou menos) e ela já estava com a mão aonde não devia e beijando-me a boca. Levantei-me rapidamente, não foi “no susto” porque estava esperando. Disse a ela que respeitava o meu amigo .... (Lembro-me do nome, é claro, mas não vou dizê-lo aqui, né?) ...etc e me mandei.

Não dormi direito aquela noite pensando se deveria contar ou não, nem a do dia seguinte, mas porque dava plantão no Hospital Geral do Estado, ainda no bairro do Canela, toda quinta-feira à noite. Com duas noites mal dormidas, na sexta-feira após a aula passei rapidamente em casa para me trocar e ir ao Clube Bahiano de Tênis, já decidido de que nada falaria a meu amigo.  Afinal omitir não é mentir. Quando precisamos, acreditamos nisso.

Quando o vi no clube, não precisei dizer nada, ele já apareceu bufando, me chamando de FDP e com a mão fechada. Eu sabia que ele lutava, mas eu praticava artes marciais e aproveitei minha maior envergadura já que eu era quase vinte centímetros mais alto do que ele. Antes que eu tivesse ao alcance dele, acertei um direto no queixo que o derrubou. Facilmente o imobilizei, esperei que ele parasse de me xingar para dizer, não me lembro bem as palavras exatas afinal já tem um quarto de século, mas deve ter sido mais ou menos assim: “Não fiz nada com ela. Você que me conhece (na verdade não conhecemos ninguém, aprendi com os anos) deveria saber que eu não te sacanearia. Não sou escroto, mas eu bem que devia ser, seu corno de merda”.  Percebi que já tinha gente suficiente em volta para soltá-lo. Esses conhecidos do tênis certamente o impediriam de tentar levar uma surra, pois este seria o desfecho óbvio. E assim foi.

No momento que o vi com a mão fechada na minha direção soube de imediato que a nossa amizade estava terminada. Mas estava com a minha consciência tranquila. Por uns bons anos evitei ficar a sós com mulheres de amigos, afinal gato escaldado tem medo de água fria.

Alguns anos depois, no início dos anos 90, vivendo no Rio, estava no Shopping Rio-Sul em Botafogo quando encontrei o filho de um grande amigo, no Shopping, quando este garoto de 17,18 anos me colocou a seguinte situação: Se eu estivesse interessado na namorada de um amigo, o que eu faria? Lembrei-me do caso acima e contei-o a este garoto, que com o passar dos anos tornou-se também um amigo.

Ele me perguntou: “Mas o que você faria hoje, sabendo disso”.

Perguntei de volta: “Essa namorada é muito atraente?”.

Ele: “Muito atraente mesmo”.

Respondi: “Sendo assim, se ela não der em cima de mim, fico no tesão mas não perco a amizade por isso. Mas se ela der em cima, já que eu vou perder o amigo mesmo, mato o tesão junto com a amizade”.

Ele não disse nada, achei que ele estava interessado na namorada de algum amigo. Anos depois soube que não era exatamente isso. Um grande amigo dele dera em cima da namorada dele.

Depois de alguns anos longe do Rio, no final dos anos 90 voltei ao Rio para fazer outra pós-graduação. Recém-separado da mãe de meus dois filhos, morava em um apartamento na Prado Júnior, próximo do “Cervantes” aonde eu sempre comia um sanduíche por volta das duas da madrugada, principalmente o de pernil com abacaxi.

Nesta época eu saía do Fundão por volta das três da tarde para dar tempo de chegar em casa e caminhar pelo calçadão de Copacabana antes do anoitecer. Nestas caminhadas encontrava frequentemente no calçadão de Copacabana a namorada do amigo do Shopping, que ainda era a mesma. Ela andava sempre com a irmã e geralmente as duas mudavam de direção para me acompanhar. Algumas vezes elas passavam no meu apartamento e conversávamos amenidades.

Numa das muitas madrugadas, em que eu trabalhava no computador, tocaram a campainha do meu apartamento por volta de 1 hora. Pelo olho mágico vi que era uma garota e tinha os cabelos parecidos com a namorada do amigo do Shopping. Como o olho mágico estava muito arranhado, não dava para ver direito as feições. Pensei o que ela estaria fazendo ali naquela hora da madrugada. Abri a porta e vi que não era ela, mas uma linda garota de programa que me perguntou se eu era um tal Sr. X (vê se vou me lembrar do nome de alguém que nunca vi na vida, dez anos depois?). Respondi que não, que era engano. Ela: “Que pena”. Eu olhei para a garota, era destas de catálogo (se bem que eu nunca andei vendo estes catálogos, apenas sei da existência deles) e disse: “Não seja por isso, pode ficar aqui, mas não vou pagar nada”.  Ela era linda, valia o convite. Para minha surpresa ela aceitou. Aos quase 40, estava no auge de minha forma física e segundo minhas amigas antigas mais bonito ainda. (Isto definitivamente confirma minha falta de modéstia, mas é verdade). Uma hora depois ela saiu apressada certamente pensando que desculpa iria dar pelo atraso. No dia seguinte o porteiro me olhou com uma cara divertida e disse: “Se deu bem!”. Compreendi que os porteiros deixavam as moças subirem e que na noite anterior o “cliente” deve ter interfonado várias vezes para saber o destino da garota.

Dias depois, quase no mesmo horário, tocaram de novo a buzina do meu apartamento. Vi uma moça de cabelos escuros compridos pelo olho mágico. Pensei que era a garota de programa ou uma colega dela querendo repetir o “engano”. Não era uma garota de programa, mas a namorada do amigo do Shopping. Mal abri a porta ela já foi entrando, linda, com um brilho sapeca nos olhos, bebaça, reclamando do namorado que não a satisfazia sexualmente. Passou os braços em volta do meu pescoço e com toda força me inclinou para que eu ficasse numa altura que ela pudesse me beijar. Então me beijou com fúria. Ainda atordoado, inicialmente correspondi, mas logo me desvencilhei. Perguntei como ela tinha chegado ali, ela respondeu que a irmã a deixou de carro e foi para casa. Como ela morava perto me propus a leva-la em casa. Ela foi direta: “Vim aqui para foder com você, se você não me foder vou dar pro primeiro que quiser. Mário (Claro que não é o nome dele) que se foda. Eu quero gozar. Cansei de servir de boneca inflável. Ele nunca me chupou, goza e vira de lado. Que se foda. Eu vou é gozar com você.”

Não sabia o quanto de álcool era responsável por ela estar dizendo isso, mas que tinha álcool não havia dúvida, ela nunca usara palavras “pesadas” comigo. Com um tom suave disse para ela: “Não sou o tipo de homem que transa com mulher alcoolizada, vamos tomar um banho, depois um chá e aí veremos”.

Dar o banho nela foi difícil. Ela tinha um corpo de carioca (preciso dizer mais?) e ficava me beijando o tempo inteiro. Me tocava e obviamente reagi. Ela olhava pro dito cujo enquanto o pegava e dizia: “É hoje”. E eu pensava: “Me fudi, perdi um amigo”.

Nem ensaboei, o banho foi água fria somente. Tirei ela do box, enxuguei-a e tentei colocar a calcinha dela enquanto ela resistia dizendo: “Para quê?”

Respondi: “Para não tomar o chá pelada”. Consegui finalmente que ela vestisse a calcinha. Procurei uma camiseta, mas não tinha nenhuma limpa a não ser a que eu vestia. Lavava minhas roupas a cada quinze dias numa lavanderia na mesma quadra, e isto seria dali a dois dias. Peguei uma camisa de “trabalho” branca limpa, que nela se transformou em vestido curto de botões.

Assim que preparei o chá, quando a olhei para servi-la ela estava encostada, girando a calcinha no dedo indicador da mão. Aquela visão icônica de uma mulher nua somente com sua camisa, ela parecendo a Jane Birkin. Minha mão que jamais tremeu nas cirurgias que fiz não conseguia segurar firmemente a xícara, o barulho das porcelanas se batendo, eu agradecendo de não ter enchido a xícara. Deixei em cima da mesa e sentei-me. Disse-lhe para tomar o chá de erva cidreira para evitar a dor de cabeça pela manhã. Depois que ela tomou o chá, levei-a até a cama, deitei-a no colo e pedi que ela me contasse o que aconteceu com Mário. Fiquei acariciando os cabelos dela, e quando eu falava o fazia num tom monocórdico até que ela adormeceu. Acomodei-a direito na cama e fui dormir no sofá-cama da sala.

De manhã a acordei porque tinha que chegar cedo ao Hospital do Fundão.

- O que aconteceu? Como vim parar aqui? – Perguntou ela.

- Segundo você. Sua irmã te deixou aqui. – respondi.

- E o que eu vim fazer aqui?

Não sabia se ela estava mentindo ou se estava mesmo com amnésia alcóolica, até hoje ela jura que não lembra.

- Você chegou dizendo que queria transar comigo.

- Nós transamos?

- Claro que não. Você estava bêbada. Te dei banho, te vesti e te coloquei para dormir. Dormi aqui no sofá.

Ela viu que o sofá estava com roupa de cama toda amassada.

- Obrigado, e desculpa pelo vexame (não foi o termo vexame, não me lembro do termo, apenas que ela se desculpou).

- Não foi nada. Você estava bêbada. Tem café solúvel. Vou te deixar em casa antes de ir para o Fundão.

Ela me olhou “daquele” jeito. E sorriu. Não precisava dizer mais nada. De imediato nós dois sabíamos o que iria acontecer.

O que aconteceu eu não conto. Não tem importância. A “moral da história”? Também não tem.

Faça o que fizer, você sai perdendo, uma amizade, uma consciência limpa, um pecado cometido, ou um pecado não cometido (porque existem pecados que valem a pena serem cometidos). No fim, ganha apenas uma coisa, uma história para contar.

terça-feira, 19 de março de 2013

Kamilla e o Tapete de Vagalumes.



Vinte e poucos anos atrás sofri uma desilusão amorosa que me levou ao estado de depressão. Minha irmã, para tentar me animar levou-me para sua fazenda no interior da Bahia para passar o feriadão do São João. Sem nenhuma animação e cansado de escrever trocentas poesias patéticas e desenhar trocentos ângulos da minha “alma gêmea” resolvi aceitar.

Em um final de tarde, perto do por do sol, estávamos eu, minha irmã e seu marido, meus sobrinhos e suas namoradas sentados na frente da sede da fazenda olhando para a montanha do outro lado, cheia de árvores. De repente algumas luzes foram se acendendo e apagando. Em poucos minutos se formou uma gigantesca esteira de vagalumes pairando sobre as árvores como um tapete voador de luzes pisca-pisca.  O tapete começou a descer a montanha, vindo em nossa direção em um espetáculo dos mais belos que já assisti na vida. E tudo o que pude pensar foi: “Que pena que ela não está aqui comigo para ver isso”. Aquele momento de beleza lírica perdia-se na minha depressão. Que desperdício.

Poucos dias depois de eu ter voltado do São João no interior da Bahia, recebi um convite para fazer uma pós-graduação no Rio de Janeiro, aonde vivi os próximos anos e os mais felizes da minha vida. Em menos de uma semana a natureza me brindou com um espetáculo visual (que apesar de não ter aproveitado no instante que se dera, graças a excelente memória visual que tenho, consegui guardar toda a beleza daquele momento) e recebi um brinde do universo, na forma de um convite, que aceitei para deixar de pensar no amor perdido, mas que terminou por me fazer encontrar os melhores anos de minha vida.

Por que me lembro disto agora? Porque estes dias tive uma grande decepção, não amorosa, mas social, ao perceber o quanto cruéis podem ser as pessoas com alguém tão cheia de qualidades apenas porque esta pessoa tem pequenos defeitos que são aceitos, por estas mesmas pessoas capazes de tanto ódio, em suas relações cotidianas. O que fizeram com Kamilla neste BBB realmente me abalou.

O que o tapete de vagalumes tem a ver com isso? Ora, eu NÃO acredito em coincidências, acredito em destino, não no destino programado, mas no realizado pelo dia a dia. Após ter associado a visão do tapete de vagalumes ao universo me oferecendo a possibilidade de ser feliz, toda vez que algo me abala, eu apenas sento, REVIVO a sensação de ver o tapete voador de vagalumes se formando, descendo a montanha e apenas espero. Espero que o Universo novamente conspire para me trazer um momento de felicidade compensatória. E o Universo traz, sempre traz.

Então, abalado pela covardia das pessoas contra esta menina que é capaz de andar no arco-íris procurando seu pote de tesouro que não é preenchido de moedas, mas de felicidade, parei, sentei, REVIVI o meu tapete voador de vagalumes e agora estou à espera. Da compensação do Universo.

sábado, 16 de março de 2013

Fani e a Doação.



Tinha prometido não mais escrever sobre o BBB aqui no Blog, mas existem promessas que as circunstâncias exigem que sejam quebradas. Certamente vão achar que foi por um pedido especial, mas tão importante quanto este pedido, foi o pedido de minha consciência para fazer uma das coisas que meu pai tanto me falou na infância. A gratidão é a uma das principais virtudes do ser humano.  Outra virtude que meu pai tanto admirava era a doação ao próximo. E meu pai foi exemplar nestas duas virtudes e eu sinceramente espero um dia chegar aos pés dele.

Estas duas qualidades estão muito presentes na Fani. Ela, no BBB13, foi desestabilizada por muitos na casa e encontrou na menina Kamilla uma amiga, a quem também ofereceu a sua amizade, que para todos que torceram por Kamilla foi a amizade que ofereceu o melhor que se pode ter de um amigo. Fani ouviu com paciência a agitada menina Kamilla, em vez de estressá-la contrariando-a, aconselhava-a com palavras suaves e ditas na hora certa, guardava segredo e não saia criticando a Kamilla, muito pelo contrário, defendeu Kamilla até para a amiga Anamara. Fani com Kamilla mostrou as duas virtudes, gratidão pela amizade que sentia da Kamilla e doação, estando presente sempre que Kamilla precisou.

Se tivesse que escolher qual virtude que acho mais forte na Fani eu escolheria a doação. Anamara neste BBB contou o quanto a Fani a ajudou quando ela mais precisou.  Outra qualidade da Fani é a sinceridade, quando ela discordava de alguém, dizia para esta pessoa e não por trás e o fazia elegantemente. Está na minha memória a conversa dela com Marian, Marié, Mariá, qualquer @#$%&*%# que seja o nome. E tantas outras conversas. Kamilla é elegante no porte, no gesto, na dança e na alegria, Fani é elegante na fala quando precisa. Já sei que vão comentar sobre os palavrões, etc... Mas o que eu estou dizendo, é que na hora da onça beber água, é que vemos a verdadeira postura de uma pessoa e a Fani é sim, muito elegante.

Soube por um amigo do Twitter que Fani quer fazer Medicina. Sou médico e tenho a certeza que ela será uma grande médica porque tem algo que não é muito comum hoje em dia que é a virtude de se doar ao próximo. Sei que ela vai sofrer muito na profissão de médica, que é a consequência para quem se doa, luta e acaba vendo que não recebe o suporte das instituições governamentais. Mas ela vai superar tudo isso. Quanto ao BBB, gostaria muito que Fani fosse a vencedora do prêmio para que possa custear o caro estudo de Medicina, e assim eu possa contar nas fileiras da minha profissão com esta extraordinária guerreira de Nova Iguaçu. UH-HU.

quarta-feira, 13 de março de 2013

A Elegância em Fotos - Cary Grant

Com sua parceira de vida - Grace Kelly:











Com Ingrid Bergman, que após o escândalo Rossellini só teve um amigo em Hollywood a apoiá-la: Cary Grant:




Com Sunny Harnett:



Com Kim Novak:






Com Ginger Rogers:



Com Deborah Kerr:



Os mais famosos Astros da década de 60: Rock Hudson, Marlon Brando, Gregory Peck e ele, o Top 1 das bilheterias das décadas de 40, 50 e 60, fato jamais igualado.




 Personificando a Elegância: 





Formando o par mais elegante a pisar no solo deste planeta com Audrey Hepburn:








sábado, 9 de março de 2013

BBB do Bullying.



Este será o meu último post sobre BBB. Não me importam mais o desenrolar do jogo e quem vença ou perca, apesar de torcer por uma participante e ainda votar pela sua permanência. Caso ela vença ou não, nada mudará o que se passou. E o passado deste BBB é infame, monstruoso e desalentador quando se analisa as características de uma sociedade que permite tamanha agressão a uma única pessoa.

A menina Kamilla, mal entrou na casa, sofreu uma enxurrada de críticas de TODOS os outros participantes, com talvez a exceção de Fani. Nem posso garantir porque apesar de ter dedicado algum tempo a assistir este BBB, não assisto muito por ter muitas outras coisas a fazer.  Mas no “tanto” que assistia havia uma constante: A Kamilla sendo criticada em conversas. Até mesmo Fernanda, uma das futuras “amigas” de Kamilla, logo no início criticou a Kamilla para as outras moças, no quarto do líder, referindo-se as “batidas” de cabelo, gesto que depois ela mesma passou a fazer. E essa foi a menor das críticas feitas a Kamilla. Com o participante Ivan liderando a prática do Bullying contra Kamilla, com o tempo as agressões morais foram se acentuando, aumentando-se o teor ofensivo até chegar ao cúmulo do participante Yuri ter ferido a lei deste país ao insinuar que Kamilla seria portadora de doença sexualmente transmissível.  E o pior, nenhuma medida legal foi tomada quanto a isso.

Se o Bullying praticado pela casa, per si, seria revoltante, o que dizer da mídia Globo, que no site oficial distorcia tudo o que acontecia com a participante paraense tornando-a “vilã”? Até mesmo a expressão égua, inofensiva no Norte e Nordeste foi veiculada por esta mídia como uma agressão da nortista. Tudo isso com o ranço do preconceito regional. Juntem-se as distorções feitas pelo site oficial com as edições tendenciosas das transmissões pela TV. Junte-se a convocação de “especialistas” a darem diagnósticos sem terem sequer consultado a diagnosticada, publicada no site oficial do BBB. Junte-se o reforço dos blogs de BBB “linkados” pela mídia Global, infelizmente apoiada por outras, na agressão incessante contra a menina Kamilla e temos a receita do monstruoso BBB (Bolo Bullying Brasil), feito nos fornos da Globo, para alimentarem a fome de mentes patológicas por este Brasil afora.

Por conta disso já deixei de assistir ao BBB e estou acompanhando os acontecimentos apenas pela leitura de minha Timeline do Twitter. Votarei apenas no paredão em que a vítima deste Bullying monstruoso, Kamilla, estiver presente, e na sua imerecida saída, se acontecer, deixarei de comentar qualquer coisa relacionada ao BBB no Twitter ou aqui no blog. Posso voltar a escrever sobre Kamilla, mas não mais relacionada ao BBB. E quanto ao Bolo Bullying Brasil, que provoque indigestão em quem se delicie com ele.

terça-feira, 5 de março de 2013

A Palavra e o Símbolo.




Como marinheiro no Twitter, tenho observado que o poder da palavra tem sofrido constantes reveses. A palavra, por si, pode ter um longo alcance na compreensão do seu significado, mas este alcance será sempre limitado pela palavra em si. Por outro lado, estas mesmas palavras quando aderidas a um significado simbólico tornam o seu alcance limitado apenas pelo poder da imaginação. 

Um exemplo: Ontem, no BBB, Pedro Bial lançou um desafio: “Quem você escolheria para ir a uma final com você”. Pelo simples significado das palavras, as respostas não deveriam “ferir” os sentimentos daqueles que foram “rejeitados” pelo participante. No entanto, na hora da resposta da participante Fernanda. Bial fez um adendo a pergunta cheio de significado simbólico: “Você está diante da escolha de Sofia”. Isso transformou a resposta da Fernanda de inofensiva a potencialmente bruta. A intervenção posterior de Bial tornou esta brutalidade monstruosa: “Kamilla, Fernanda não quer você na final” Esta frase potencializou a brutalidade da resposta no seu significado simbólico. Kamilla com sua extraordinária cultura, muito possivelmente compreenderia todo o significado simbólico por trás das intervenções do Bial.

A “Escolha de Sofia” refere-se ao livro de William Styron adaptado e dirigido no cinema por Alan Pakula com a interpretação única e com certeza a maior interpretação feminina de todos os tempos da Meryl Streep no papel de Sofia. Sofia era uma prisioneira de Auschwitz que teve que escolher entre o filho e a filha sobre quem iria para um campo de trabalhos forçados (e uma possibilidade de sobrevivência) e quem iria para a câmara de gás (a morte certa). Ou seja, a escolha de Sofia se resumia a uma escolha entre a vida e a morte entre suas duas crianças.

A pergunta do Bial, com este adendo simbólico deixou de ser um simples “quem você escolhe para ir a final com você?” para ser “Quem você quer que viva (permaneça no BBB) ou morra (saia do BBB)”.

Kamilla, cuja inteligência deve beirar, se não ultrapassar, a linha da genialidade, com a sua cultura (confirmada hoje quando Kamilla disse que a escolha foi de morte da filha), acusou o golpe desferido pelo simbolismo da pergunta do Bial associada a resposta desfavorável a ela dada por Fernanda. A mesma Kamilla que escolheria Fernanda para a vida, sem piscar os olhos, ouviu a preferência clara, e de certa forma lógica e esperada, pelo André, seguida de uma desculpa esfarrapada de repartir o anel em três, ainda incluindo a Andressa. Ao fim, para Kamilla significou apenas que Fernanda nem piscou antes de deixa-la para a “Morte” a levar.

Enfim, a brutalidade da pergunta, com todo o seu adendo simbólico, foi uma das maiores agressões psicológicas que já vi em algum programa de televisão de ficção ou reality show. Kamilla reagiu, erguendo-se do barro de bravura do povo Nortista, assimilou o golpe, isolou-se no quarto do líder e refletiu. As decisões que esta menina tomar, qualquer que sejam, terá o meu respeito e apoio. Eu, como nordestino, me junto aos irmãos do norte, no orgulho por essa representante que está nos dando diariamente um exemplo de inteligência, cultura e sensibilidade jamais vista em qualquer reality show.

Parabéns Kamilla, simplesmente por existir. Parabéns, povo do Pará, por ter representante tão digna a nos mostrar que as nossas diferenças nos fazem mais semelhantes.  Que uma pessoa de extrema beleza externa com um interior de intensa luminosidade não é personagem de ficção, mas real. Que tem defeitos, mas eles se tornam irrelevantes diante de suas qualidades.