terça-feira, 23 de outubro de 2012

Olhos de piscina.


Tenho a impressão que Deus produziu certos olhos para serem olhos “de piscina”. Aqueles olhos nos quais você mergulha e que por aqueles momentos toda a sua angústia se vai. 

Rubem Braga, certa vez, escreveu sobre um encontro do Manuel Bandeira com a Clarice Lispector, disse o Poeta: “Quando vou pisando na calçada me encon­tro com Clarice, que vem de braço dado com o noivo. Meus olhos entraram dire­ta­mente nos seus. Meus olhos, com toda a minha tris­teza, toda a minha alma des­graçada, entraram de repente nos seus, mer­gul­haram com­ple­ta­mente neles. Ela se deteve um instante — eu só via aque­les olhos verdes — e me rece­beu como se fosse uma piscina….”. Rubem Braga escreveu que quando con­tou esta história a Clarice ela não se lembrou da história e olhou-o admi­rada, com os seus olhos de piscina.

Longe de mim querer me comparar ao poeta, ou a estas moças com a Clarice Lispector, mas sempre que assistia ao BBB da Renatinha, ao ver aqueles lindos olhos azuis, estes lindos olhos azuis:


Ao ver estes olhos safadinhos, com um misto de irreverência e profunda ingenuidade, sentia-me invadido por uma alegria indescritível, injustificável, mas simplesmente “sentida”. Uma pílula de alegria, até o momento em que estes olhos foram invadidos, felizmente por um período breve, mas ainda assim angustiante, invadidos por uma tristeza provocada pela discriminação injusta e massacrante proveniente da incompreensão por escolher ser “livre”, por escolher a simples liberdade de “ser” quem é.

Recentemente encontrei uma foto que tem um efeito “Clarice Lispector” em mim. Basta olhar por alguns minutos e sou invadido por uma sensação de paz que me acompanha por um tempo. Por isto é a foto do meu desk.  
A foto é esta:



Não faço a mínima ideia de quem seja esta modelo. Se alguém souber, peço o favor de me informar, aqui ou no twitter.

De qualquer jeito, não saber quem ela é não me traz angústia alguma, afinal é só olhar a foto e tenho estes olhos de piscina para me livrar de qualquer angústia.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Uma Carta Para Uma Deusa.




Elena Dementieva,

Com dois dias de atraso, peço-lhe perdão pelo esquecimento e desejo-te um Feliz Aniversário.

Quando você nasceu eu já estava na Faculdade de Medicina aprendendo a conhecer o corpo humano e também aprendendo um pouco a conhecer as pessoas. Vinte e tantos anos depois, ao ver teu comportamento na quadra e fora dela aprendi um pouco mais. Pude ter um parâmetro de quase perfeição porque a perfeição não existe. Se existisse seria muito chato. E como nada em você poderia ser chato a perfeição você não atingiu. Você mesma disse que tentou esportivamente chegar à perfeição, mas falhou. Em sua opinião, porque para mim, o sucesso foi a sua tentativa. E se não foi perfeita, no jogo, na quadra, o foi no comportamento dentro e fora dela.

Dentro da quadra, sua agilidade sempre me trazia a lembrança os felinos caçadores. Movimento perfeitos, sem desperdício. No comportamento, sua elegância foi e será inigualável.

Já aposentada, em um vídeo do youtube, com a sua reação de insatisfação durante uma briga de seu marido numa partida de Hóquei, mostrou-me a razão de mesmo após dois anos de aposentada, não consegui achar nenhuma substituta para admirar com igual intensidade e adoração seja no tênis ou qualquer outro esporte.

Por isso Elena, digo-lhe que os esportes podem me conceder várias rainhas, mas Deusa houve e haverá apenas uma, você.

Na época do seu aniversário, faço o inverso e peço um presente para todos os seus fãs. Volte às quadras, de onde não deverias ter saído, pois seu exemplo dignifica não apenas o esporte tênis, mas o esporte como um todo.

De um fã eternamente apaixonado,

Titus.