quarta-feira, 30 de maio de 2012

Insaciável




Estou em momento de despedidas.

Ao mesmo tempo em que estou em momento de encontros.

A Festa ainda não começou, mas eu já comecei a minha festa.

Estou sóbrio de ideias, bêbado de sentimentos.

Atiçando desejos.

Sendo atiçado.

Penso em certos arrepios.

Como são belos quando provocados pelo meu toque.

Sinto falta de um ouvido.

Para no estilo Dean Martin dizer:

Everybody loves somebody sometime
Everybody falls in love somehow
Something in your kiss just told me
My sometime is now”

Sinto a necessidade de uma pele para arrepiar.

Uma pele de seda que modéstia longe, sei tratar.

Quanto a minha pele, uma constatação:

A minha pele tem uma sede que não cede. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

A lágrima que não seca.


Esperança, palavra que soa vazia em muitos lugares.
Muitas vezes me pergunto, de que adianta procurar levar a esperança?
De que adianta você ser a esperança, se é tudo tão temporário?
Por que existem forças que destroem este pequeno fio de sentimento?
Para tanto, usam a força de facões, pistolas, fuzis e metralhadoras.
Por que o uso de armas de grande poder contra um sentimento tão frágil?
Por que tanta covardia? Por que tanto temem um fio de esperança?
Não, a força do amor não vence a força bruta.
E raramente consegue abrandar a dor da agressão sofrida.
Nada há de mais triste que o olhar perdido de uma criança agredida.
Olhar perdido porque se perde a orientação do caminho a seguir.
O principal torna-se o sobreviver.
O fugir de forças tão superiores à compreensão destas crianças.
Elas choram em silêncio, porque o mínimo barulho pode significar a morte.
Raramente estas crianças sorriem e quando o fazem para mim me tiram o chão.
Uma lágrima teme em descer pelo canto do olhos.
Apenas uma lágrima, mas que nunca seca.
Tudo que pode ser feito por estas crianças ainda é pouco.
Muito pouco.
E chega o dia em que todo o ambiente pesado impregna até mesmo os sonhos.
As imagens que vem a mente tornam-se banhadas em sangue.
Pintando tudo ao redor de vermelho escuro, o vermelho da vergonha.
Vergonha por fazer parte de um mundo aonde machucar crianças é comum.
Aonde levar a infelicidade parece ser o destino de centenas de canalhas.
E estas crianças, agredidas, mutiladas, estupradas e feridas, lutam.
Lutam pela vida com uma força maior que as das armas usadas contra elas.
E me ensinam. Pois se elas, as grandes vítimas deste planeta escroto, não desistem.
Quem sou eu para desistir?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Rótulos.


Falei com meu filho mais velho por telefone. Ele tem olhado o meu Twitter, o que tinha pedido a ele para fazer. Caso alguns(mas) esquisitos(as) entrem na minha TL para escrever ofensas, o que já aconteceu, que ele distribuísse os blocks que julgasse necessário.

Por curiosidade perguntei se ele tinha dado algum block, ele me respondeu que não e me perguntou: “Você acha a Renatinha quase virgem?”  Isso porque alguém no Twitter dissera que eu acreditava nisso. Mandei meu filho ler aqui no tacape. Infelizmente ele não gosta de ler, gosta de jogar no computador com “amigos” na rede. Certamente essas pessoas que tem uma opinião “divertida” ao meu respeito não devem ler o blog também.

E se me leem e ainda não entenderam, explico mais uma vez. Primeiro, se a Renatinha é “quase virgem” ou não, isso não me diz respeito, a sexualidade dela pertence unicamente a ela. Um fato é que jamais a julgarei por isso. Não levo em consideração qualquer tipo de rótulo: “Santas”, “virgens”, “quase virgens”, “discretas”, “indiscretas”, “pouco rodadas”, “muito rodadas”, “ingênuas”, “periguetes” ou “putas”. Nenhum destes rótulos define a complexidade das mulheres. A exceção das Santas (que não existem) já me relacionei intimamente com todas as outras. E algumas periguetes eram pessoas bem melhores que algumas virgens ou quase virgens que conheci. Então, porque deveria me importar com rótulos que não definem uma mulher? Prefiro uma “periguete” que me acalme quando estou nervoso do que uma “pouco rodada” que dê pilha. Prefiro uma mulher “muito rodada” que ao me perceber triste ou abatido sente no meu colo e me cubra de beijos e queira saber os motivos de minha tristeza, do que uma “quase virgem” que nem esteja se lixando para o que eu sinta e o único tipo de conversa que ela gostaria de ter é falar sobre as compras que fez no Shopping.

Essas pessoas que se apegam a uma única característica “rótulo” para desgostar de alguém são pessoas que tem necessidade de desprender a energia negativa do ódio. Não sabem que esta energia volta? Não seria melhor se prender a uma característica redentora?

Por que tem que ser amor ou ódio? Não é melhor ser amor ou não amor?

Não sinto ódio nem por quem me ataca. Por que vou perder meu tempo tendo algum sentimento por esta pessoa? Não confundam ignorar a existência com indiferença. Ninguém me é indiferente, se eu deliberadamente ignoro a existência de alguém, certamente esta pessoa não me é indiferente.

Existem pessoas a quem amo, pessoas a quem admiro, pessoas a quem gosto. E existem as pessoas a quem Não. Não amo, não admiro ou não gosto. Mas a ninguém “condenei” a uma destas situações por aplicação de um rótulo.  Ainda mais quando nenhum rótulo é preto ou branco, existe sempre uma graduação de cinzas. Em qualquer rótulo linguístico.

domingo, 13 de maio de 2012

A Fórmula 1 de hoje.




Não vi a corrida que deu a vitória de Maldonado.  Onde estou não tem televisão, fiquei sabendo por um colega que usou a internet em seu horário de descanso. E para quê assistir? Acabou-se a competição na Fórmula 1. Alguém realmente ficou surpreso com a vitória do Maldonado? Eu não.

Sou do tempo em que o campeonato de pilotos era vencido por aquele que tinha talento, velocidade, regularidade, sabia poupar motor e equipamentos mecânicos porque quebravam, a única coisa que não dava problema era o tal do “componente” elétrico, que não existia. Isto é coisa deste tempo em que o carro pode ser dirigido do boxe.

Acho que o último campeonato de pilotos que pode ter esse nome de forma honesta foi o de 1983, vencido por Piquet, sem que a Brabham fosse o melhor carro. O Renault era melhor.  De 1984 para cá venceu o melhor piloto que estivesse dirigindo o melhor carro, ou o piloto favorecido pela equipe, a exceção dos campeonatos de 1986, aonde Prost se aproveitou do fato do Piquet não ser um Barrichello ou Massa da vida que se contentasse em ser o segundo piloto, e do próprio Piquet em 1987 que com o melhor carro derrotou o favorito de sua equipe, o Mansell. De lá para cá a previsibilidade tornou a F-1 enfadonha, até mesmo nas participações vergonhosas de brasileiros em obedecer a ordens de equipe como as “deixe o Schumacher passar ou vamos matar o cachorrinho de sua vozinha” (é o que resta acreditar que foi dito, após as inúmeras e contraditórias declarações do Rubinho) ou “Fernando is faster than you”.

Porém, este ano a Pirelli mudou o jogo. Não sei se de forma proposital a pedido dos dirigentes da F-1 ou por pura incompetência em fabricar um pneu competitivo. O pior é que parece não haver uniformidade nos pneus oferecidos, pois os de mesma categoria, macios ou duros, que “vestem” o mesmo carro do mesmo piloto se comportam de forma diferente. Se fosse uma simples questão dos pneus serem todos regularmente feitos para se degastarem rápido, aqueles pilotos de “tocada” suave estariam sendo beneficiados. E como o piloto de tocada mais suave é reconhecidamente o Button, deveria ser ele a estar liderando o campeonato, mas quem está é o Alonso, conhecido por seu talento, por ser beneficiado em alguns escândalos envolvendo a F-1 e pela imensa sorte que o acompanha. E sorte aqui é a palavra. Ele pode não pegar os pneus menos ruins, mas não pega os piores.

A diferença está mesmo nos pneus. Na irregularidade dos mesmos. Depois de 1984, fora condições climáticas e acidentes, não se vê com a frequência que ocorre este ano, carros que andam bem atrás em uma corrida, melhorarem no espaço de uma corrida chegando até mesmo a liderarem e vencerem a próxima corrida. Assim, este ano, já vimos McLaren, Ferrari, Red Bull, Sauber, Lotus e Willians disputando pódios.  Vimos cinco pilotos vencedores em cinco corridas. A última vez que aconteceu isso? 1983. O último ano de um verdadeiro campeonato de pilotos. Os carros deixaram de ser importantes e os pilotos voltaram a ser? Não. Os pneus agora são os mais importantes.

O campeonato de formula 1 de 2012 definitivamente  se tornou um campeonato de sorte. E como a sorte pode ir para qualquer um, não se vê reclamações veementes contra a Pirelli.

E já que é sorte, para a próxima corrida vou apostar no número 13. Ops! Esqueci-me que não existe esse número na supersticiosa F-1. Vou apostar então no número do último campeão para o qual torci. O número 6 de Piquet em 87. Ops! Está com o Massa, esse não ganha nem se estiver com sorte, a Ferrari o manda deixar o Alonso passar. Como a F-1 virou uma corrida maluca, vou apostar na “baratinha” de número 9 do Peter Perfeito. Beleza. Está com o Kimi, o último dos moicanos, um piloto extemporâneo. O único entre os pilotos da atualidade que seria digno, pelo comportamento, de dividir o espaço com os heróis (estes sim, homens de coragem do tamanho da audácia) dos anos 50 até aos da primeira metade dos anos 80. De lá para cá, a categoria de piloto de F-1 foi dominada por garotos mimados. Quando vejo uma entrevista dos pilotos atuais observo o esforço em vestirem a máscara do “Peter Perfeito”. O único que foge a regra é justamente o Kimi, herdeiro do número. Mais uma ironia nesta F-1 dos dias de hoje.


sábado, 12 de maio de 2012

Ventos da vida.


Sentado em tronco de árvore.
Ouvindo o som de grilos.
A música se tornou um luxo.
A água, mesmo com sede, salvo.
Pode ser a vida de amanhã.
Comunicação com o mundo,
Tenho apenas por uma hora ao dia.
Quando tenho.
Os gritos e gemidos não são de prazer,
São de dor. E ainda que de dor,
Trazem prazer, porque significam vida.
Os ventos me trazem o som dos gemidos,
Ainda que de dor, significam vida.
Os ventos ainda trazem notícias.
De que a morte, ao menos hoje,
Foi vencida.
Benditos ventos da vida.
Às vezes penso que ainda estou no mundo,
Apenas por estar.
Outras vezes penso que estou apenas para ser,
Pois mesmo quando não estou sendo,
Sou.

sábado, 5 de maio de 2012

Galeria de Ídolos – Leila Diniz.



Já tinha decidido que o próximo ídolo da galeria seria uma mulher. Fiquei em dúvida se seria a cientista Marie Curie, uma das duas únicas santas que tinha conhecimento, não pelos milagres que fizeram na morte, mas pelos milagres que fizeram na vida, Irmã Dulce ou Madre Tereza. Ou seria Leila Diniz.

Decidi por ser Leila Diniz (1945-1972) porque soube dela antes de saber das demais e principalmente por ser minha primeira paixão impossível.

O que escrever então? Decidi fugir ao tradicional perfil dos retratados da galeria. Leila foi tudo na vida, menos tradicional.

Ao fim, Leila foi uma comunhão de gestos e palavras, que incluíam muitos palavrões, culminando no significado de uma palavra que definia Leila. Mesmo diante da impossibilidade de uma única palavra representar toda a complexidade de um ser humano, esta palavra é capaz de resumir a vida de Leila. A palavra é Liberdade.

Minha paixão por Leila sempre foi e continua sendo muito intensa, tão intensa que o simples fato de pensar em palavras para homenageá-la me emociona. Então resumirei esta homenagem na descrição de um gesto, do anjo Leila, tão plena de gestos e palavras.

Muitos disseram que ao mostrar a barriga grávida Leila levantou a bandeira do feminismo. Não concordo. Ao mostrar a linda barriga grávida Leila pintou com a beleza digna de uma obra de Renoir, o esplendor da maternidade.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Questão de Prioridade


Ontem estava cansado, realmente cansado, após ter discutido com amigos de uma ONG qual a melhor maneira de levar assistência médica a um maior número de pessoas em um curto espaço de tempo disponível. Fui relaxar minha mente e assistir dois filmes românticos que sempre me animam: Escrito nas Estrelas com John Cusack e Kate Beckinsale e Ladrão de Casaca com Cary Grant e Grace Kelly.

Sei que vou perder bastante seguidores no Twitter e leitores do blog com o que vou escrever, mas se seguidores fossem minha prioridade estaria no ramo religioso ou da política. E não estou. Por isso, prefiro manter a honestidade de minhas opiniões.

Perdi a discussão que rolou no Twitter entre torcedores de casais por conta da não realização do paparazzo em conjunto da Renatinha com Jonas. Ainda bem que estava ausente, não li as besteiras usuais. De cabeça quente, teria escrito algo muito mais pesado de forma que poderia ser tomada, quase que justificadamente, como uma agressão. E tenho “amigas” queridas em todos os grupos para não ter o mínimo desejo em agredi-las. Mas ontem, muito possivelmente o teria feito. Lendo algumas besteiras ditas de lado a lado e cheguei a uma conclusão:

Sinceramente esta briga entre Joniques, Peravilas e Dabachs ultrapassou o limite do ridículo e já chegou ao nível do patético.

Um trabalho como o paparazzo entre Renata e Jonas virar comemoração porque não será realizado? Era apenas um trabalho. Vibraram com a perda financeira que os dois sofreram com o fracasso das negociações? Pior foram as teorias de conspirações inventadas de todos os lados. Ora bolas, sabem da razão do fracasso das negociações o paparazzo e a agência de Jonas e Renata, que é a mesma. O resto é especulação.

Neste mesmo momento Jonas e Renata se encontravam em festa em São Paulo, mais um motivo para briga entre Joniques, Peravilas e Dabachs. O encontro virou motivo de ironias. Patético. Se estiveram em um “encontro” ou cumprindo agenda isso diz respeito apenas aos dois. A vida dos dois aos dois pertence, e somente a eles. Será que vão levar uma eternidade para compreender isto?

Após o BBB, Jonas, Renata e Monique seguem a vida procurando o melhor para eles (justíssimo). Mas os fãs parecem não se cansar das baixarias e qualquer coisa que envolva estes três acaba cercada de atitudes e palavras desagradáveis de algum lado. E aqui eu faço um “Mea Culpa”. Acabei de postar no twitter comentários maldosos e, portanto, cometi uma atitude deselegante (o que pra mim é muito depreciativo a respeito da minha conduta) sobre a nudez de Monique. Mas apenas relacionadas à nudez e apesar de deselegante ao menos fui sincero. Porém não mais me referi a pessoa Monique. (Estou tentando salvar um resto de atitude elegante. Convenci?)

Enquanto esta guerrinha de torcidas ocorre, milhões de crianças africanas são submetidas à violência de uma guerra de verdade, sendo ou assistindo suas mães e irmãs estupradas pelos guerrilheiros, seus pais e irmãos mortos pelas facções contrárias em diversos países africanos. Milhões de crianças africanas estão entregues à fome e à doença. E as pessoas ficam revoltados(as) porque Jonas, Renata ou Monique não estão com quem desejariam que estivesse?

Revoltar-se é um direito de todo indivíduo e a escolha dos motivos pelo quais se revolta é uma questão de prioridade.

Mas revoltar-se por formação ou não de um casal é o perfeito exemplo de uma prioridade frívola.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Caminhada


Caminhava sozinho pela estrada
assoviando alegremente.
Jamais pensando em nada
Quando te vi repentinamente.
Sorrias, garota faceira,
mas nada dizias.
De jeito todo brejeira
quando apenas sorrias.
Sorrias com os olhos castanhos
e ainda mais com a boca.
Não me julgaste estranho.
Não te sabia louca.
Então te apresentaste, linda.
A partir disto, não tive saída.
Apaixonado, numa cegueira infinda,
Não te apercebia caída.
Foste-me então, guiando.
Seguindo o teu caminho na estrada.
Tua mão, minha fome alimentando.
Minha mão te deixando saciada.
Teus gestos, hoje sei, fingidos.
Colocaste-me num mágico universo,
Onde um e um unidos
somavam um,  frente e verso.
Teu próximo passo, iludir-me.
Quem dera tivesse percebido.
Fizeste-me de desejo consumido
Sem ter por onde acudir-me.
Teus braços, afrouxando devagar.
Início do abandono há muito planejado.
Tu, já com o objetivo alcançado.
Eu, ainda caminhando a divagar.
Não percebi após tantas noitadas
Que tu já preparavas a retirada.
Enquanto comemoravas a derrocada
Do ingênuo que andava pelas estradas.
As estradas sozinho voltei.
Jamais tornei a assoviar.
Pensando em tristezas fiquei
Sem direito a sonhar.

Escrita em Janeiro de 1993.

O Pescador.


Imagine lares em mares.
Tire proventos dos ventos.
Coloque sondas nas ondas.
Versos, escrevas em areias,
Para que nada te denuncie.

Sinta a essência da ausência.
Aproveite o carinho do espinho.
Tenha esperança na lembrança.
Sonhe fatos nos matos.
Sorrisos urgem em nuvens.
Basta verdes nos verdes
de meus olhos tão claros
Quanto as luzes os fazem.