segunda-feira, 30 de abril de 2012

Poema: Os Lobos.




Os lobos não fogem.
Não por estupidez,
mas por louca coragem.

Os lobos são de difícil amizade,
mas, numa cega sensatez,
Uma vez estabelecida a confiança,
entregam-se por completo,
como Sancho Pança.
Seguem seu amigo pela eternidade
Com seu imenso amor de criança.

Os lobos admiram a lua,
não como fúteis humanos,
A elogiar-lhe a beleza,
A cantar-lhe em versos,
A inspirar reuniões de amigos cantantes
E serenatas em ruas escuras.

Os lobos, da lua, sabem os desenganos;
Da sua extrema tristeza;
De seus choros diversos
Ao saber-se sempre distante
Do seu amado sol.

Os lobos sabem,
Por isso, pela lua,
Choram: Auuuuuuuuú.

Poema: Uma Noite em Dezembro


Numa noite quente de Dezembro,
Meu ódio acumulado extravasou.
A noite tornou-se fria, como me lembro,
De todos os instantes em que minha vida se estragou.
O sentido perdeu o sentido.
Uma mão fria não se estendeu a tempo.
Meu ser rolou o mundo inteiro, perdido.
Numa noite quente de Dezembro.
Pergunto: Por quê?
Em gritos me desespero.
Traição. A sordidez do mundo violenta-me os sentidos.
Meus olhos veem a violência televisada.
Meus ouvidos escutam os berros de angústia.
Meu tato sente o gelo dos corpos em gavetas de necrotério.
Meu nariz sente o cheiro de enxofre.
Minha gustação perdeu-se na anorexia.
Pergunto: Quando tudo isto terá fim?
Quando a radiação assolar nosso planeta?
Quando formos todos sobreviventes, mutante?
E então pensarei comigo.
Por que meu ódio explode numa noite de Dezembro?

14.12.1990

sábado, 28 de abril de 2012

Afaste-se Tristeza


Hoje uma amiga revelou-me a tristeza.
O que me deixou simplesmente espantado.
Pois desta menina, via apenas a beleza,
Com o bom humor de um mundo encantado.

Tristeza, não devias a esta amiga procurar atingir.
Com isto tu mostras a tua indesculpável covardia.
Pois esta bela menina não aprendeu a fingir,
E queres que todos saibam que infliges agonia.

Mas é certo que pertence a ti, tristeza, a derrota.
Pois de ti, minha amiga irá retirar o aprendizado.
E tão certo quanto o poder da luz, voltará a sorrir.

Tristeza, de nada terá adiantado esta soberba que arrota.
Pois sabes que dos sentimentos é o menos amado.
E felicidade será o que para esta amiga, trará o porvir.

28 de abril de 2012.

PS. Minha querida amiga Titinha. Tenha a certeza que teu sorriso ilumina e faz os teus amigos felizes. Aprenda com a tristeza, mas também aprenda a afastá-la quando ela nada tiver a ensinar. 

Amiga Rô.


Existem pessoas que possuem o dom
De confortarem com palavras apenas.
Da tua boca, muito suave é o som,
Que as dores intensas reduzem a amenas.

Como é imensamente bom ser teu amigo,
Não apenas para no mesmo espaço conviver,
Também para ter no teu coração um abrigo,
Que contra as desventuras me faça sobreviver.

Saiba que também em mim, um amigo, encontras.
Para todos os momentos e situações que precisares,
Para ser um verdadeiro amigo, afinal de contas,
Precisamos tornar nossos corações verdadeiros lares.

E se um dia você estiver doente e acamada.
E se tiver, um dia sentindo intensas dores.
Mostrar-te-ei que por mim és muito amada.
Levar-te-ei palavras de conforto e flores.


28 de abril de 2012.

A Garota de Itaparica.





Muitos anos atrás na Ilha de Itaparica, quando ainda estudante de Medicina, sentou-se ao meu lado na praia de Barra Grande uma garota muito bonita. Me lembro de ter pensado isto, mas não consigo lembrar-me de seu rosto. Lembro-me apenas dos olhos, de cor igual ao céu de Itaparica, o que basicamente foi o fato que determinou que eu não conseguisse desviar dela a minha atenção; e dos cabelos castanhos claros cuja tonalidade passou a ser a minha favorita.

Hoje, flutuo entre a timidez e a extroversão, para algumas coisas sou tímido, para outras bastante extrovertido, mas já houve tempo em que a timidez era predominante. Principalmente no fim da adolescência e início da fase adulta. (Meus parentes e amigos sempre dizem que eu já era adulto aos 13 anos, mas prefiro pensar que não). Mesmo nesta fase de timidez acentuada, algumas vezes, para meu próprio espanto, munia-me de extroversão e humor e conseguia ultrapassar as barreiras impostas pela timidez.  

Passamos conversando por cerca de três horas, entre duas e cinco da tarde. Lembro-me de praticamente toda a conversa. E lembro-me de seus olhos e da cor de seu cabelo. Não me lembro do nome, nem poderia já que não perguntei.

Desta garota tive apenas uma conversa que considero interessante, pode até não ter sido. Mas toda a vez que o céu de Salvador fica mais escuro, ou vejo, em qualquer canto do mundo, um céu com a tonalidade de Itaparica penso nela e uma sensação de enorme carinho me invade.

Existem mulheres com quem tive intimidade, em relações que duraram dias ou semanas, que se passarem diante de mim não as reconhecerei. Em contraste, tenho certeza de que no dia em que voltar a ver os olhos na senhora que esta garota se transformou, mesmo que ela esteja completamente diferente, de cabelos pintados, mesmo que tenha engordado, com o rosto enrugado, me lembrarei de imediato dela e por observação, mesmo que ela tenha mudado bastante o rosto com a idade, lembrarei do rosto dela, o que tento agora e não consigo.

Por que estou escrevendo isto? Porque neste momento o céu de onde estou assumiu um tom mais escuro e uma enorme onda de carinho me envolveu e como sempre me lembrei dela, não de seu rosto, mas de seus olhos, de seus cabelos castanhos claros e da conversa que tivemos.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Poesia - O que dizem os Avatares.


Esta poesia é inspirada na amiga Renata Affonso.

Lembro-me que da primeira vez que a vi.
Olhando para chão com um ar solene estava.
Parecia que os pensamentos a prendiam em si.
A tristeza nos seus olhos me emocionava.

Estavas realmente com um ar muito sério.
De repente, do nada, um sorriso se abriu.
Hoje sei que foi apenas o primeiro mistério,
Que após te conhecer, outros muitos se seguiu.

Agora de flores andas, na cabeça, rodeada.
Trajando belas e simples vestes de camponesa.
Com sua beleza de deusa grega admirada.

Com uma felicidade que sua alma canta.
Andas graciosa nos teus ares de princesa,
Que a todos no twitter encanta.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Estrelas falam.




Hoje falei para meu filho: Uma estrela falou comigo.
Ele me olhou com ar de deboche: Mas, como pai? Se estrelas não falam?
- Mas esta falou – confirmei.
- Tem certeza de que era uma estrela?
- Estrelas iluminam tudo a sua volta? – respondi com uma pergunta.
- Iluminam.
- Estrelas não levam calor a quem está em sua órbita?
- Levam.
- O brilho, o calor de uma estrela não é fundamental para tudo que está a sua volta?
- É fundamental sim.
- Quando você admira as estrelas sua alma não fica mais leve?
- Fica.
- Não conseguimos ver o brilho de uma estrela mesmo muito tempo depois de sua morte?
Desta vez ele assentiu com a cabeça.
- Então filho, esta noite uma estrela falou comigo.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Poema: I Remember Everything.


Baby, you changed my life
And changed my world too.
After you no one could,
Move me with so grace,
Was so hard to believe
That someone could make me happy again.

I remember your doe eyes
I remember the curve of your neck
I remember the shy in your smile
I remember the way you walk.
I remember the dress that you whore
At the day that I know I was lost.
When I thought that I was in love.

I remember the sadness for my words
I remember when you tossed off my hand
I remember when you cried and told me:
That was nothing at all.

I remember the good and the bad.
I remember, my first love.
I remember everything.

11/10/2010 

Poesia: Insana Juliana.





Conforme prometido, uma orquídea, tulipas brancas e crisântemos amarelos.

Poesia : Insana Juliana.


Tu gostas que te chamem de Insana.
Mas o faz apenas por charme, eu sei.
Afinal foi a tua razão lógica, Juliana.
O principal motivo que por ti me apaixonei.

Também sei que por periguete queres passar.
Apenas porque tens medo de se ferir.
Por ter um tremendo medo de se apaixonar.
E com isto foges do fogo do sentir.

Mal sabes, minha querida tresloucada.
Que ao negar os pedidos do coração,
É apenas o começo de uma derrocada.

O início do congelamento de tua emoção.
Desejo intensamente livrar-te desta roubada,
Para tu viveres ardentemente uma grande paixão.

Dabachs e Joniques.





Desculpem os prováveis erros de ortografia e concordância uma vez que estou escrevendo este texto sem revisão e diretamente no blog.

Um embate entre fãs de dois casais envolvendo três pessoas do mundo real chamou-me a atenção. Vi no twitter atitudes absurdas, fui atacado por pensarem erroneamente que torcia por um destes casais, mas nem me espantou este engano cometido, já que as agressões, per si, mostravam o desequilíbrio mental destas pessoas.

O embate entre este fãs provocou-me a reflexão sobre esta tendência humana de desejar casais. Não vou tentar chegar a conclusão alguma, apenas correlacionar comportamentos semelhantes entre fãs de casais distintos e tentar entender esta necessidade humana de formar casais.

Este desejo em formar casais já é mostrado mesmo sem a presença de ídolos, mas no dia a dia, quando uma relação se torna estável é muito comum a pergunta: “Quando vão casar?”. E atrelado ao desejo do casal está o desejo de que famílias sejam formadas porque logo após ao “casamento” chega a outra pergunta: “Quando vão ter filhos?”.

Tentando compreender este desejo de grande parcela da população de formar casais na vida real, desejo que não compartilho, buscarei uma visão histórica sobre isso.

Primeiro devo fazer a confissão que em filmes românticos desejava a formação de alguns casais, afinal não era essa a “intenção” do filme? Mas não pensava no “casal” do filme, ou seja, o esquecia um segundo após a reflexão sobre o filme em seus aspectos de história, roteiro, fotografia, direção e interpretação dos atores.

Entre os casais de novelas, o único para o qual torci com um certo exagero, tanto que me lembro dos nomes dos personagens quarenta anos depois, foi o casal Cristiano (Francisco Cuoco) e Simone (Regina Duarte) da novela Selva de Pedra, de Janete Clair. Isto é tão antigo que a novela era em preto e branco e eu tinha por volta de dez anos de idade. Logo...

Importante lembrar que mesmo com 10 anos de idade, não tinha pensado em uma possível relação romântica entre Francisco Cuoco e Regina Duarte.

Muitos anos depois, tive simpatias pelo casal Joey/Pacey da Série Dawson’s Creek, que apesar de série adolescente tinha diálogos de adultos. Fui um adolescente em meio de adultos discutindo política, sociologia e filosofia, dai a minha identificação com a série. Já havia internet nesta época e através dela fiquei sabendo de uma legião que torcia pelo casal Joshua Jackson e Katie Holmes, os atores, não os personagens.

Preferência sobre casais é até esperada pela tripla reação química que envolve esta preferência. Tripla, porque não basta a química entre os atores/personagens, é necessária a química (reação enzimática) do espectador (enzima) transformando os personagens (substratos) em casal (produto). A percepção do espectador/enzima é essencial para a reação. Por isso, enzimas diferentes enxergam os substratos de maneira diferente provocando reações diferentes. Falando em termos da série acima, apesar da maioria dos espectadores enxergarem a química entre Joey e Pacey, uma boa parcela enxergava a química entre Joey e Dawson.

Também esperada, ligeiramente compreendida por mim, mas também considerada exagerada, existe a expectativa de que este casal de personagens se relacionasse na vida real. Porém, quando isso acontece vira um pandemônio. Quando Katie Holmes revelou que Joshua Jackson tinha sido seu “primeiro amor”, a legião do casal Katie-Josh entrou em polvorosa. Mesmo anos depois, com Katie já casada com Tom Cruise e principalmente após um “piti” explorado pela mídia de Tom Cruise ao saber que o casal Diane Kruger e Joshua Jackson estava no mesmo evento que eles, teorias de conspiração foram formadas e até uma suposta aparente semelhança física entre Suri e Joshua Jackson foi questionada na Internet. Este é um perfeito exemplo de quando a imaginação ultrapassa os limites do bom senso. E isto tende a acontecer na formação de casais celebridades do mundo real.

O desejo de formação de casais entre celebridades é bastante antiga. Não sei como era na época em que as celebridades eram os cantores de ópera, é muito antigo para tentar compreender, mas trazendo para a mídia visual. Ainda na época do cinema mudo, milhares de fãs ficaram extasiados com o casamento entre a namoradinha da América, Mary Pickford e o galã Douglas Fairbanks. Extase continuado com o casamento entre Clark Gable e Carole Lombard e depois entre tantas outras estrelas-casais.

Lembro-me de amigas extasiadas com o casamento entre Marcelo Novaes e Letícia Spiller. Do quanto achava essa “ingenuidade” divertida e do quanto mais as amava por causa desta “ingenuidade”.

Nos tempos atuais um triângulo amoroso mexeu com a imaginação do mundo inteiro. Um triangulo amoroso de pessoas reais, famosos cuja fama se estenderam por trolhões de vezes mais do que os 15 minutos. Estou falando do trio Brad Pitt, Jennifer Aniston e Angelina Jolie. Todos os três com fãs individuais e com dois grupos de fãs do casal. Quando Brad Pitt deixou Jennifer para ficar com Angelina, o mundo dos fãs do casal Brad-Jennifer desapareceu aos seus pés, e passou a se formar uma legião de fãs do casal Brad-Angelina. Fãs Brad-Jennifer passaram a acusar Angelina de destruidora de lares e por ai vai. Fãs do casal Brad-Angelina ficaram extasiados com a formação da grande família e a cada filho adotado ou natural, uma comemoração acontecia entre estes fãs.

Seria o fim do mundo se Brad Pitt resolvesse voltar para Jennifer Aniston? Do meu mundo, com certeza não, o mesmo não posso garantir para os fãs do casal Brad-Angelina. O outro lado da moeda, os desiludidos fãs do casal Brad-Jennifer voltariam a viver em êxtase.

Logicamente que estou falando deste assunto por causa do rebuliço no Twitter entre os fãs de BBB, que formaram as torcidas de casais Dabach e Jonique. Nunca existiram tais casais. Jonas ficou na casa com as duas, para mim pareceu ter uma certa preferência por Renata, talvez até por questão de identificação, afinal eu “gosto” mais da “perigosa” loura. É a tal da química tripla citada acima. A Enzima Titus se identificou mais com os substratos Jonas e Renata. Para tornar a explicação ainda mais clara, Titus é uma enzima alostérica com sítios moduladores negativos aos quais se ligam a razão lógica do comportamento humano, de forma que não há tentativa nem desejo real da formação do produto casal.

Muito divertida é a estratificação destas torcidas.

Vejo a torcida Dabach com muito carinho, pois vejo nelas as minhas antigas amigas torcedoras do casal Marcelo Novaes e Letícia Spiller. Adolescentes em sua maioria, as que frequentam a minha TL parecem ter a imaginação fértil, característica muito apreciada por mim, porém com um espantoso senso de realidade para a idade que tem. São adolescentes que sabem que o casal pertence ao mundo de fantasia e respeitam a opção dos “substratos” Jonas e Renata. Querem o produto “casal” e até tentam intervir como enzimas “Dabach” forçando a aproximação ao requisitar trabalhos e aparições em comum via Twitter e Facebook.  E referindo-me a maioria das fãs Dabach com as quais tenho contacto, essa fãs respeitam a decisão de Jonas e Renata, se ficarem juntos melhor, se ficarem separados, o casal se tornará exclusivo da imaginação de cada uma, ou coletiva entre os grupos de fã.

Por ver nessas “seguidoras” Dabachs do Twitter pessoas doces, ingênuas, mas bastante imaginativas é que as homenageei com uma Fan-fiction Dabach. Usando da imaginação, que também tenho, mesmo que infantil, como algumas desequilibradas mentais que invadiram a minha TL insinuaram entre outras ofensas mais pesadas, criei esta fan-fiction em 3 partes com o intuito de divertir minhas “amigas” Dabachs.

Com isso, no entanto, fui tomado erroneamente por fã Dabach. Sendo bem claro, sinto admiração por Jonas pelo seu comportamento ético dentro e fora da casa e pela Renata, mais pelo comportamento e lucidez que demonstrou fora da casa. Mas estou muito longe de ser fã dos dois. Quem observar a minha galeria de ídolos aqui e  podem observar que é necessário muito mais do que os dois demonstraram para que eu me torne um fã no sentido de serem meus ídolos. Fã dos dois no sentido de admirar, eu sou, no sentido de tê-los como ídolos, não. Se os dois ficarem juntos, vou achar divertido, se não ficarem meu mundo não se moverá um angstrom.

Tomado por um Dabach sofri ataques de Joniques desequilibradas mentais, mas estas doentes mentais não interferiram na imagem positiva que tenho de “seguidoras” Joniques do meu tt. Geralmente mais maduras que as Dabach, mais velhas, porém com a mesma capacidade imaginativa das Dabach, afinal também enxergam um casal que não existe. E por causa desta imaginação, como já disse, característica que admiro, nutro por elas simpatia, mas sendo claro, simpatia pelas joniques que participam de forma amorosa da minha TL, já que as outras ou não fazem parte do meu mundo, ou quando tentam invadi-lo como no caso das três loucas, as expulso com o block.

O problema com a imaginação se apresenta quando esta ultrapassa não apenas o bom-senso da realidade, como o bom-senso da fantasia e torna-se envolvida com teorias de conspirações e ideias perniciosas e ofensivas sobre o comportamento de quem julgam estarem de lados opostos, quando na realidade estão indo na mesma direção da construção de uma fantasia.

Finalizando, devo confessar que ao ver reações exageradas de Dabachs e Joniques, muitas vezes acho que o êxtase de grande parte destes fãs com união dos seus ídolos (principalmente dentro do BBB) foi proporcional à estase (com s mesmo) de suas próprias vidas.

Portanto um conselho, que ninguém pediu, mas dou assim mesmo. Façam fluir a vida nas próprias veias e não se tornem reféns da fantasia. Vivam a própria vida, quem sabe será muito mais interessante.

Viver um Sonho. - Parte 2



Ele estava sentado na lateral da cama de casal do quarto de hotel. Colocou as grandes mãos no rosto e soltou um suspiro. Estava vivendo em ritmo acelerado, os compromissos profissionais apareciam um atrás do outro. Consequência da boa imagem que passou no Reality que participou. No dia seguinte tinha um compromisso que talvez não fosse o mais importante, mas com certeza o mais ansiosamente esperado.

Havia uma grande expectativa dele mesmo com o encontro do dia seguinte e ele também estava consciente  de que aquele encontro contava com a expectativa de milhares de fãs, que afinal de contas, foram eles que conseguiram aquele trabalho específico, aonde estariam como um casal para fotos de noivos.

Ao ouvir o telefone do quarto tocar sentiu o coração disparar e percebeu as mãos tremendo. Diversos pensamentos passaram na cabeça, cancelamento do compromisso do dia seguinte, ligação de sua mãe, ou dela, ou de sua assessora, ou de um diretor da agência. Saltou da cama em um pulo para atender logo a ligação.

- Alô – disse ele.

- Big Johnny – falou em tom alto, um dos amigos que fizera no Reality, o amigo que ganhara o prêmio principal.

- E aí Abel? Como vai a vida de milionário? Muita gatinha em cima? – disse Johnny.

Uma risada do outro lado da linha.

- E como vai a vida do mais famoso modelo do momento?

- Que famoso nada.

- Estão pagando bem os trabalhos?

- Não vou reclamar senão Deus castiga, mas bah, podia ser melhor não é?

- Trabalhando muito?

- Tenho que aproveitar a onda, você como surfista – riu enquanto dizia – sabe bem que não dá para pegar toda onda, então temos que aproveitar.

- Aproveite muito, mas pode ficar sabendo que muitas outras ondas virão, amigo. E amanhã, vai encontrar com a Princesa?

- Pois é, estou tão confuso cowboy.

- Confuso por quê?

- Você sabe o que sinto por ela, mas ao mesmo tempo, muita gente vai pensar que estamos juntos apenas para ganhar dinheiro como casal.

- Johnny, em vez de se preocupar com o que pensam de você, se preocupe com o que você pensa de si mesmo. Afinal o que está em jogo agora é a sua felicidade.

- Mas você sabe como a imagem no meu trabalho é muito importante.

- Essa imagem está sendo formada pelo seu trabalho. O seu profissionalismo é o que vai importar, isso é o que vão falar para os outros contratantes, não com quem você está.

- Verdade – disse Johnny enquanto assentia com a cabeça em um gesto característico apesar de não ter ninguém para ver. – Mas eu não sei até quando eu vou ser interessante, entendeu? Não sei quanto tempo esta onda vai durar.

- Rapaz. Adianta se preocupar agora? Você sempre disse que iria trabalhar muito enquanto pudesse e tentaria economizar para fazer um pé de meia. Faça isso, trabalhe muito e bem e faça esta onda durar, das outras ondas trate depois, quando tiver que tratar.

- Obrigado amigo. – disse Johnny.

- Não tem que agradecer nada. – falou Abel – Vá com Deus e boa sorte amanhã.

- Fica com Deus, amigo. – despediu-se Johnny.

Desligou o telefone, voltou para cama onde ficou sentado algum tempo, voltou a por as mãos no rosto por alguns minutos, então se deitou na cama e dormiu rapidamente. Ele era um desses privilegiados que consegue dormir facilmente, o milagre estava em não acordar com o próprio ronco.

Lapso de tempo.

Quando deu por si mesmo, Johnny estava ao lado de Zelda, sua assessora. Estavam entrando no estúdio de fotografia aonde ele e Regina fariam as fotos para a revista que os contratara.

- Será que ela já chegou? – perguntou Johnny a Zelda assim que entraram no prédio do estúdio.

Não conseguiu conter a curiosidade por mais que desejasse.

- Pode ser. Não sei. – respondeu Zelda.

Quando entraram no estúdio, Johnny a viu. Ela olhou para ele e sorriu. Ao ver aqueles olhos de piscina, Johnny sentiu o corpo gelar, um calafrio percorrer a espinha e explodir em sua nuca, a boca secou, passou a sentir o coração batendo e de imediato sorriu de volta. Ninguém notou nenhuma das reações que Johnny teve, ele aprendeu a disfarçar todas as suas emoções com o mesmo sorriso, aberto, uma arma de desarme, dos sentimentos dos outros e mais importante, dos seus próprios sentimentos.

Regina andou na direção de Johnny que a abraçou de imediato beijando-lhe a testa. Duas fãs aproximaram-se rapidamente com fotos dos dois pedindo para eles autografarem. Os dois sorriram um para outro, trocaram o olhar provocativo de sempre e então assinaram as fotos. As duas fãs pediram para eles fotografarem junto com elas e eles atenderam. Depois pediram que eles ficassem juntos para tirarem fotos deles juntos. Johnny se posicionou por trás de Regina. O topo da cabeça dela na altura de seu peito. Johnny respirou profundamente e sentiu o perfume que desejava sentir o cheiro em muitos momentos em que esteve sozinho na casa do Reality. Voltou a sentir o frio no corpo, o calafrio na espinha e na nuca, o coração a bater e desta vez mais acelerado. Abriu o sorriso na esperança do efeito calmante, mas desta vez não conseguiu. As sensações permaneceram, as mãos começaram a tremer, para disfarçar apoiou a mão esquerda na própria perna e a direita no quadril de Regina. Sentiu a mão de Regina tocar a sua mão direita em uma carícia gentil, despertando o que Johnny considerou uma sensação esquisita na altura do estômago. O suor começou a aparecer na testa. Chegou a ser um alívio quando pararam de tirar aquelas fotos ao serem chamados para o trabalho.

Johnny sentia aquele trabalho como o mais difícil da sua vida, ao vê-la de noiva, quanta vontade sentia de tomá-la nos braços e entrar no quarto da lua-de-mel. Toda aquela interpretação o torturava porque sabia no fundo que desejava que não fosse apenas um trabalho. Como desejava que aqueles sorrisos e olhares dela não fossem interpretação. Ele não sabia que não eram.

Não sabia ler pensamentos – lamentou-se Johnny que ansiava saber o que Regina estava pensando. Infelizmente, esta é uma faculdade que poucos possuem.

Ao final do trabalho, os dois olharam um para o outro, olhares de ansiedade, expectativa. Ambos esperando que o outro tomasse a iniciativa, o silêncio se prolongando, os olhares perdendo a ansiedade e tornando-se humorados, quase brincando com aquela situação que ambos sabiam era absurda e por demais infantil.

A diretora da agência de modelos a que ambos pertenciam aproximou-se com Zelda e o irmão de Regina, contando aos dois que estavam negociando outro trabalho para os dois juntos. Que em breve seria divulgado caso fosse acertado. Voltaram ao silêncio constrangedor. O irmão de Regina olhou para ela, depois para Johnny, percebeu o silêncio cheio de troca de olhares, sorriu, esperou algum tempo para ver se um dos dois criaria coragem para dar o primeiro passo. Ao perceber que ninguém daria, chamou a irmã:

- Vamos? – perguntou contendo-se para não rir daquela situação.

Regina assentiu com a cabeça. Beijou Johnny no rosto e disse:

- Nos vemos daqui a alguns dias então.

- Verdade. – disse Johnny.

Johnny ficou observando Regina sair da sala. Queria chamá-la, tomá-la nos braços e beijá-la sem interromper. Lamentou sua própria timidez, jamais conseguia dar o primeiro passo sem ter a absoluta certeza de que conseguiria. Geralmente os olhares e sorrisos iguais aos de Regina dariam certeza a ele, mas não os de Regina, ela olhava e sorria para todo mundo daquele jeito. Podia significar alguma coisa, podia significar coisa alguma.

Naquele momento, Johnny tinha certeza de uma coisa, não seria ele a dar o primeiro passo.

Queria tentar uma terceira vez, poderia até dar errado, mas queria esta terceira vez e desta vez longe das câmeras. Mas não seria ele a dar o primeiro passo.

Bah, mais uns dias de espera. – pensou Johnny.

terça-feira, 24 de abril de 2012

The Goddess Elena Dementieva.




Precisando praticar meu inglês, traduzirei meu primeiro post.

Needing to practice my English, I will translate my first post.


Apologies for my poor English.

Those who know me better will not be surprise by the choice of Elena Dementieva for the first post of my blog.

As homage to my goddess, I will republish a text (mix of two) I wrote for the blog “Saque e voleio” in October 2010 when Elena Dementieva retired:

In my childhood-youth there is none personal computers. We didn't even have video equipment. For us to have our imaginations stimulated we had to forcibly (but not for me) resort to books, to movies and TV of late night’s session.

Therefore, our female ideal was restricted into movie stars. My Platonic perception of ideal woman was a mixture of classical beauty of Grace Kelly with the aristocratic elegance of Audrey Hepburn and intellectual ability of Katherine Hepburn.

The reality hits our daydreams with the same monstrous brutality of a Tsunami. And we get used to the "less".

I always have been a fan of Tennis, but mainly played by men. For the women side, I admired Navratilova and Evert, and after their retirement I forgot the WTA until a transmission of Roland Garros , when I saw on the Court, a 22 years young Russian with a beauty that would make Grace Kelly bite herself of envy. That young girl moved across the Court with a feline grace and elegance that resembled Audrey Hepburn. My God. Just was missing the intellectual capacity of Katherine.

Shortly thereafter, after being defeated by Kuznetsova in the final of the USOpen, in her speech of runner-up, she did that perfect speech, citing the massacre of 350 people (185 children) in Russia at the school in Beslan. Showed to everybody, that for her, the world was much more than tennis.

I started reading everything that appeared about this young Russian girl. And so I learned that she was fluent in English and French, and also studied other languages and had an interest in the culture of various countries that she visited on her professional commitments. I was happy to read that her favorite book was not “the little Prince” but a classic of Russian literature. Once asked about what book she was reading, she didn't answered a stupid novel or self-help books, but a French poet, not very famous, so much that I not even remember the name. Her hobby between games, when her brother accompanied to tournaments were playing chess games.

I realized that my female ideal was filled on an unique woman. I did not need any more a mythical figure at the junction of qualities of women so different from each other. My ideal of female was completed in the qualities of an unique woman, a girl, gentle, polite, elegant, attentive, helpful, cultured and beautiful. She have so much of these qualities.

Throughout her time at tennis she declined the image of sex-symbol despite the beauty she is.

At the end of the matches had a shy smile when won and a large smile when lost, and to be honest, this quality was shared with Venus Williams, and often but not always by Sharapova.

The tears of all tennis players present in the homage done to her farewell were more eloquent than words; showed how much she was special and beloved by her opponents.

I repeat the words of Kim Clijsters: "Elena brought elegance, goodness, discipline and a nice tennis to the circuit. I will miss in having it around because there are not many like her ".

A video tribute to Elena was made by WTA with testimonials from several players. Something that seen in testimonials is that Elena was not friend of most of them, kept a certain distance, but by example that it was her behavior inside and outside the court certainly touched the heart of tennis players.

That impresses me even more because they were not friends who did the testimonials, but her opponents.

As said above, the cry of all opponents in the farewell on the Court said more than words. As an example, on the retirement of champion Amelie Mauresmo, had not the cry out, and the most exciting farewell speech was made by Dementieva.

In my opinion, the most revealing statement of the significance of Dementieva in the circuit was from her rival, Serena Williams, who rarely (I had never seen, except for praise her sister) speaks well of her opponents.

Serena posted on his official website: "Elena you will be missed. The matches we competed in were always so intense. You helped make me better both on and off the court ...All the best to you Love, and to all your endeavors. "

Is a shame, just by the fact of Elena Dementieva be so special, awakes in some women an unhealthy envious.

Elena is the incarnation of the mythological figure Helen of Troy.

Helen of Troy was a mortal woman whose beauty caused the ire of jealous Olympian Goddesses. Now Elena is a Goddess whose beauty and character arouse the ire of some jealous people. Few, as it might be perceived by the commotion that caused her retirement.

Elena brought me to realize that I do not need me settle for "less", or create mythic figures to fill dreams of perfect woman.

There is no perfection; Elena had no sports champion mentality despite having a talent to be. When she reached the top20 for the first time, remained of 525 of 529 weeks belonging to this elite. Played in 10 WTA Championships in 11 years, an achievement that very few players was capable to do. But don't hit the top that her talent could allow.

About perfection, Elena said: "You don't have to be perfect, but you should try hard, and I tried, always".

Possibly she doesn't know, but no one was closer to perfection more than her.

Did not won a Grand Slam? As said on Twitter by Michel Dazmarelli, "sorry the Grand Slam". 

She won two Olympic medals for her country, gold and silver. Many millions of Russians do not know what a Grand Slam is, but everyone knows what an Olympic medal is and what it means to the sport.

She retired without winning a Grand Slam tournament, but won my admiration in a way that no other athlete has achieved or will.

Retired as Olympic champion.

Retired as My champion.

Always missing her.

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